A 2 de julho, a 13.ª Conferência de Investigação de Planeamento, a organizar pelo CITTA - Centro de Investigação do Território, Transportes e Ambiente, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, vai abordar aspetos em torno da "escala humana" das cidades e da geração de aglomerados com dinâmicas mais apropriadas às pessoas e mais ecológicas. A bicicleta será a rainha do evento.
Corpo do artigo
A requalificação dos espaços públicos, para lhes devolver qualidade de vida e quotidianos adequados no combate às alterações climáticas, adquiriu ainda mais relevância com a pandemia de covid-19 e até originou o debate de um certo paradoxo: na ordem do isolamento social, suscitou-se a discussão em torno da reaproximação das pessoas em ciclos e circuitos de vida mais curtos.
Daí a premência da mobilidade sustentável. "Tornou-se uma questão incontornável, não tanto pela mobilidade em si, mas pelas preocupações cada vez mais fortes relativamente à descarbonização e à necessidade de reduzirmos as alterações climáticas ou, pelo menos, mantê-las sobre controlo", afirma Cecília Silva, investigadora do CITTA, militante da bicicleta como meio de planeamento estratégico para a renovação e sustentabilidade das cidades.
"O debate é por uma cidade mais humanizada, que ofereça às pessoas, numa escala mais pequena, aquilo que as pessoas precisam, para podermos reduzir grandes deslocações e dessa forma reduzir a utilização e a dependência do automóvel. E quando, na pandemia, desde as nossas janelas, vimos as ruas desertas, sem carros, pareceu-nos ser a oportunidade perfeita para dar espaço às bicicletas, até para se evitar que muitos dos utilizadores regulares dos transportes públicos, na ausência de alternativas, tivessem de usar o automóvel", observa Cecília Silva.
A investigadora do CITTA também coordena uma equipa que trabalha no designado projeto "Boost" - Impulsionar a Bicicleta em Cidades Principiantes, programa para "aplicação da estratégia da bicicleta" e que envolve mais de duas dezenas de municípios interessados na utilização das duas rodas como meios de mobilidade mais sustentável e de comportamentos mais saudáveis e respeitosos do ambiente. "Há muita necessidade deste apoio, porque também há pouca tradição do planeamento da bicicleta para as cidades em Portugal. O nosso trabalho consiste em identificar as áreas com maior potencial de utilização da bicicleta", conclui.