Portugueses não o comem, mas os espanhóis adoram-no e pagam bem por ele. Pequeno peixe tem sido a salvação da pesca do cerco. Conselho Internacional para a Exploração do Mar recomenda a descida de 54% da quota. Portugal vai cumprir. Pescadores estão preocupados.
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Os portugueses não o comem, mas, nos últimos anos, tem sido o “ouro” da pesca do cerco. No Norte, já representa quase 30% das capturas e, em muitos barcos, metade da receita anual. Se noutros tempos se rezava para haver sardinha, agora as preces viram-se para o biqueirão. Sai da lota a 3 e 4 euros (três vezes mais do que a sardinha). É vendido ao consumidor a mais de 15. Tudo para Espanha, onde, frito ou marinado, é para muitos manjar dos deuses. Este ano, o ICES (Conselho Internacional para a Exploração do Mar) recomenda a descida de 54% da quota. Portugal vai cumprir. Os pescadores estão preocupados.
O biqueirão começou a aparecer com regularidade e fartura na costa portuguesa a partir de 2015. Nos dramáticos anos de 2018 e 2019, quando as capturas da sardinha bateram no fundo (não indo além das 9700 toneladas, 10 anos depois das quase 70 mil toneladas de 2008), as mais de oito mil e nove mil toneladas de biqueirão, respetivamente, vieram compensar. Não há grande explicação para este surgimento, mais ou menos repentino, mas, coincidência ou não, os melhores anos de biqueirão correspondem a anos negros na sardinha. O fenómeno é, sobretudo, no Norte.