D. Rui Valério tomou, este sábado, posse como patriarca de Lisboa e garante que estará próximo dos católicos.
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O novo patriarca de Lisboa está solidário com as “vítimas de todos os tipos de abusos”, mostrando-se disponível para encontrar-se com vítimas de abusos sexuais na Igreja Católica. “Convosco carregarei o fardo do vosso sofrimento, acreditando na redenção”, garantiu D. Rui Valério, no discurso de tomada de posse como 18.º patriarca.
A cerimónia oficial de aceitação do cargo realizou-se este sábado, na Sé de Lisboa, perante os membros do Cabido, os bispos auxiliares e D. Manuel Clemente, que passa, agora, a ser Patriarca Emérito. Ao completar 75 anos de idade, Manuel Clemente apresentou a resignação ao Papa Francisco e foi aceite. Amanhã (às 16 horas) no Mosteiro dos Jerónimos, D. Rui Valério celebrará a primeira missa, enquanto responsável máximo pelo patriarcado.
Nas primeiras palavras enquanto patriarca, o antigo bispo das Forças Armadas e Segurança referiu-se às “vicissitudes eclesiais e culturais das últimas décadas”, que têm sido, para a Igreja, “despertadores para a missão evangelizadora” e constituem um “novo paradigma pastoral”.
A nova forma de pensar e fazer pastoral deverá repensar a espiritualidade. “A dimensão da espiritualidade como que adquiriu um ritmo diferente. É um misto de espiritualidade buffet e self-service em que se tenta dispensar os intermediários e se colhem, das várias propostas, fragmentos de conveniência”.
Voltando-se para os mais novos, recordou que, com a Jornada Mundial da Juventude (realizada este ano), foram “constituídos os principais depositários da Palavra que o Espírito Santo dirigiu à Igreja de Lisboa”.
Caminho com três etapas
Num breve encontro com os jornalistas, o patriarca anunciou que quer ser “um bispo da estrada”. “Vou dar à Igreja de Lisboa o que tenho dado, sempre, ao longo da minha vida sacerdotal e, depois, como bispo: a minha presença, a minha proximidade. Vou ser um bispo da estrada, um bispo da rua, um bispo junto das pessoas. E é, nessa ótica, que vou concretizar e alinhar a minha ação”, assinalou.
Questionado sobre como vai acompanhar as vítimas de abusos, o sacerdote indicou um caminho com três etapas. O primeiro passo é a solidariedade e a compreensão. “Depois, nós todos, a começar por mim, mas envolvendo toda a sociedade, temos que proceder a uma conversão para com as vítimas. Elas devem ocupar o centro. Só a partir da centralidade das vítimas é que temos o discernimento para compreender os passos a fazer”, frisou. A última etapa residirá na “confiança e esperança da cura”.