Bispo de Beja pede perdão por declarações e diz que "não há lugar para abusadores" na Igreja
Depois de ter sugerido o perdão de padres suspeitos de abusos de menores, o bispo de Beja pediu desculpa e defendeu que a investigação dos casos deve ser rápida e resultar na aplicação "da lei civil e penal".
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"Compreendo a deceção que provoquei dentro e fora da Igreja e a todos peço perdão", referiu o Bispo de Beja num comunicado emitido ontem ao fim da tarde e lido, este domingo de manhã, por António Novais, padre de Beja, durante a missa celebrada na Sé Catedral.
João Marcos referia-se à entrevista dada na passada terça-feira, sobre os casos de abuso sexual no seio da Igreja Católica, na qual defendeu os padres e os leigos denunciados, sustentando que "todos somos pecadores, todos somos limitados, todos temos falhas". "Esta maneira de abordar não é muito católica. Na Igreja Católica existe o perdão", frisou.
No documento, o bispo começa por se retratar das declarações, defendendo que "Deus perdoa a todo aquele que se arrepende e repara os danos causados pelo mal que praticou". Além disso, garantiu que nunca quis "retirar gravidade" aos abusos. "De nenhum modo é esse o meu pensamento", referiu. João Marcos defendeu ainda que "não há lugar para os abusadores no sacerdócio e que as suspeitas verosímeis obrigam a tomar medidas que evitem todo o perigo sobre os membros, incluindo o afastamento das tarefas pastorais".
Ao contrário do perdão inicial que defendeu, o bispo considera agora que a investigação "deve ser rápida e seguir as regras claras definidas pelo Papa Francisco". "Deve ser cumprida plenamente a lei civil e penal", defendeu, acrescentando que "as pessoas que passaram por uma situação de abuso têm que ser uma prioridade, As suas necessidades de apoio e reparação devem nortear o nosso acompanhamento".
Segundo apurou o JN, "há cinco padres acusados de pedofilia" na diocese de Beja, não tendo sido possível saber as identidades e onde estavam colocados os sacerdotes.
Durante a homilia deste domingo, e antes de ler o comunicado do Bispo, António Novais referiu que é preciso, "muitas vezes, escavar o fundo do poço das nossas fraquezas, ir bem ao fundo da criação humana", para ser possível "limpá-los".
À saída da missa, um católico que acabara de ouvir o comunicado emitido por D. João Marcos defendeu que a emenda "agora já vem tarde, muito tarde".