BE, PCP e CDS negaram-se, este sábado, a negociar com António Costa Silva, o gestor indicado pelo Governo para preparar a recuperação económica do país. O PSD está "na disposição de colaborar" e acredita que poderá estar encontrado um novo ministro.
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Isabel Meirelles, vice-presidente do PSD, disse ao JN que a decisão do Governo em designar António Costa Silva como seu representante nas negociações com os partidos e parceiros sociais, noticiada este sábado pelo "Expresso", é "surpreendente".
A também deputada lembrou que o gestor "é um estreante em política, desconhece os assuntos da governação e não tem qualquer experiência nesta área".
Ainda assim, Isabel Meirelles garantiu que os sociais-democratas vão aceitar reunir com Costa Silva. "O PSD sempre teve uma oposição responsável e colaborante. Cabe ao Governo definir as suas escolhas. Não nos imiscuímos naquilo que foi a decisão do primeiro-ministro e, obviamente, estaremos na disposição de colaborar com quem ele indigitar".
Embora preferisse que o escolhido fosse ministro e tivesse "uma visão mais global", a dirigente 'laranja' arrisca uma previsão: "talvez a explicação desta escolha esteja numa remodelação que se pensa que está para breve, até porque tudo leva a crer que Mário Centeno sairá depois da apresentação do Orçamento suplementar. [Pensamos] que António Costa Silva possa vir a integrar o elenco governativo de Antonio Costa".
BE fala em "paraministro", PCP também está contra
Catarina Martins, líder do BE, reconheceu que a remodelação do Governo "é uma matéria do sr. primeiro-ministro", mas afirmou que António Costa Silva - o gestor nomeado por Costa e atual presidente executivo da petrolífera Partex - não está habilitado a gerir os destinos do país.
"As pessoas que têm competência para tomar decisões em Portugal, que estão sujeitas não só a um regime de incompatibilidades e impedimentos estritos como de transparência sobre os seus rendimentos, são membros do Governo - ministros e secretários de Estado - e continuarão a existir. A figura de paraministro não pode existir", apontou, recusando ser este o seu interlocutor nas negociações.
A líder bloquista acrescentou que o seu partido vai, "naturalmente", continuar a negociar "com membros do Governo, como fez até agora e como mandam, aliás, as regras da boa transparência da nossa democracia".
Questionada sobre a hipótese de ser António Costa Silva a suceder ao atual ministro das Finanças, Mário Centeno, a coordenadora do BE afirmou apenas que essa é uma decisão que cabe ao primeiro-ministro.
Numa curta declaração, fonte do PCP disse ao JN que o partido também não compreende esta escolha: "O Programa de Recuperação Económica deve ser discutido com quem deve ser discutido, que é com a Assembleia da República e com o Governo".
CDS reclama louros
Também o CDS se mostrou indisponível para reunir com António Costa Silva. Numa nota enviada às redações, os democratas-cristãos deixam claro que vão "falar com o Governo e não com quem o Governo fala".
"Há 3 Meses, o CDS sugeriu ao Governo a criação de um gabinete de crise para relançar social e economicamente o país, que integrasse representantes de vários setores fundamentais e todos os partidos com assento parlamentar. Apesar de tardiamente, vale sempre a pena recuperar esta boa ideia do CDS", lê-se na nota.
O semanário Expresso escreve este sábado que António Costa Silva se tornou "uma espécie de 'paraministro'", que já acompanhou Costa em reuniões com empresários e já começou as reuniões com cada um dos ministros, a primeira das quais com o titular da pasta do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes.
O jornal acrescenta que Costa Silva já está a negociar um plano de retoma da economia e que se vai reunir com parceiros sociais e os partidos.