Boaventura de Sousa Santos afastado do Tribunal Internacional de Direitos da Natureza
O sociólogo Boaventura de Sousa Santos foi afastado do cargo de juiz do Tribunal Internacional de Direitos da Natureza. De acordo com o jornal “Público”, a decisão foi tomada a 27 de março por “falta de integridade moral e ética” do académico.
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O afastamento de Boaventura de Sousa Santos acontece depois de conhecido o relatório final da comissão independente que concluiu que existiram “padrões de conduta de abuso e poder e assédio por parte de algumas pessoas que exerciam posições superiores na hierarquia do CES”.
Em comunicado, o tribunal diz que, apesar do fundador do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra ser “um intelectual que todos conhecemos e reconhecemos”, é importante “enfatizar a falta de integridade moral e ética, como ser humano e como académico, de Boaventura”. E acrescenta que a reação do académico ao relatório da comissão independente “reforça esta decisão, dado que o sociólogo não assume responsabilidade, apesar das provas esmagadoras contra ele”.
Depois de conhecidas as conclusões, Boaventura afirmou que o relatório não tem acusações diretas contra si e realçou que estava “mais tranquilo” do que há um ano. “Nunca esperei uma absolvição das suspeitas que sobre mim pairaram porque, efetivamente, nunca fui confrontado com acusações concretas de abuso de poder ou de assédio - como, aliás, o próprio documento agora atesta", apontou.
O Tribunal Internacional de Direito da Natureza define-se com um tribunal popular e ético. Foi criado em 2014 e trata de temas como justiça ambiental, social e para os povos indígenas. Uma das audiências regionais, em Quito, no Equador, foi presidida por Boaventura de Sousa Santos em 2014.
Recorde-se que o diretor emérito do Centro de Estudos Sociais (CES) pediu a suspensão do cargo, enquanto a comissão independente averiguava eventuais casos de assédio.