Boaventura de Sousa Santos reage a relatório sobre assédio: "Nada de objetivo contra mim"
O sociólogo Boaventura de Sousa Santos afirmou, esta quarta-feira, em comunicado, que o relatório da comissão independente para averiguar situações de assédio sexual e moral no Centro de Estudos Sociais (CES) não tem acusações diretas contra si.
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"Pessoalmente, estou mais tranquilo hoje do que estava há um ano. Nunca esperei uma absolvição das suspeitas que sobre mim pairaram porque, efetivamente, nunca fui confrontado com acusações concretas de abuso de poder ou de assédio - como, aliás, o próprio documento agora atesta", aponta o diretor emérito do CES, que pediu a suspensão do cargo enquanto a comissão independente averiguava eventuais casos de assédio.
No entanto, o sociólogo adianta que esperava que o trabalho da comissão independente pudesse pôr fim ao "clima de suspeição". "Coisa que não aconteceu e que a direção do CES optou, para já, por não garantir", acrescenta na mesma nota. "Acredito que as mais de 600 páginas de prova que juntei ao processo tenham contribuído para que nada de objetivo contra mim tenha sido concluído", disse.
No relatório final divulgado esta quarta-feira, a comissão independente concluiu que existiram "padrões de conduta de abuso de poder e assédio por parte de algumas pessoas que exerciam posições superiores na hierarquia do CES".
O grupo de cinco especialistas independentes, de várias áreas, entrou em funções em agosto do ano passado, após as denúncias feitas por estudantes e investigadoras contra o sociológo e o diretor emérito do centro, Boaventura Sousa Santos e o investigador Bruno Sena Martins.
Lieselotte Viaene, Myie Tom e Catarina Laranjeiro foram as autoras de um capítulo do livro "Má Conduta Sexual na Academia", publicado em abril pela editora Routledge, onde constavam denúncias contra os dois homens e relatavam um clima de assédio e intimidação no centro de investigação. Mais tarde, outras mulheres vieram publicamente dar os seus testemunhos.
De acordo com Boaventura de Sousa Santos, não haverá qualquer indição de infração disciplinar ou judicial no que a si diz respeito, mas aguarda que a direção do CES dê seguimento ao processo.