A nomeação de António Costa como presidente do Conselho Europeu pode não ficar fechada hoje mas dará por certo passos. Charles Michel convocou os líderes para um jantar em Bruxelas para o arranque das negociações dos cargos de topo da União Europeia. No país, Lacerda Sales recusa ser um "bode expiatório".
Corpo do artigo
Costa conta com o apoio de "pesos pesados" como Pedro Sánchez e Olaf Scholz mas durante o dia levantaram-se vozes, como a do primeiro-ministro polaco Donald Tusk, sobre o envolvimento do ex-primeiro-ministro português no processo judicial (Operação Influencer) que levou à sua demissão.
Antes do jantar, Sánchez e Scholz, dois dos principais negociadores dos socialistas europeus, reuniram-se com Donald Tusk e o primeiro-ministro grego Kyriákos Mitsotakis, representantes do Partido Popular Europeu (grupo com mais eurodeputados). O anúncio da candidatura de Costa pelos socialistas europeus e do apoio à recandidatura de Ursula von der Leyen por mais um mandato à frente da Comissão Europeia será determinante para o apoio do PPE ao político português.
“António Costa tem posições políticas que fazem com que, além de ser português, possamos ter mais confiança nele do que num socialista alemão, ou espanhol, ou maltês, ou dinamarquês, pelo menos daqueles que foram apresentados até agora como potenciais candidatos", salientou Luís Montenegro à chegada a Buxelas.
Comissão de inquérito
António Lacerda Sales recusa ser "um bode expiatório". A audição do antigo secretário de Estado da Saúde na comissão parlamentar de inquérito ao tratamento das gémeas brasileiras também marca o dia de hoje.
Sales garantiu que nunca falou com o presidente da República, com António Costa ou com Marta Temido sobre o caso. E invocou a sua condição de arguido para não responder à maioria das perguntas dos deputados.
"Eu invoco aquilo que é o meu direito ao silêncio para não me autoincriminar nos factos que me podem dizer respeito. Não é seletivo, é a lei, e estou a cumprir a lei", insistiu.
Na intervenção inicial, no entanto, apontou críticas ao relatório da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) e sublinhou que a administração de qualquer medicamento "pertence à microgestão do hospital".
"Não estou disponível para ser bode expiatório de um caso político", afirmou.
Há cerca de duas semanas a Polícia Judiciária realizou buscas no Ministério da Saúde, no Hospital de Santa Maria e em instalações da Segurança Social. O presidente da comissão, Pedro Pinto, revelou que a audição da mãe das gémeas deve ser na sexta-feira, "em princípio por videoconferência". O Chega, que forçou a comissão parlamentar de inquérito, quer ainda ouvir outras personalidades envolvidas no caso, nomeadamente o presidente da República e o seu filho Nuno Rebelo de Sousa.
As duas crianças, recorde-se, receberam em 2020 o medicamento Zolgensma, no valor total de quatro milhões de euros, para a atrofia muscular espinhal.
Recuperação do tempo vai custar 470 milhões de euros até 2028
O PSD pediu e a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) da Assembleia da República divulgou hoje as contas: a recuperação do tempo de serviço dos professores vai custar este ano 41 milhões de euros brutos e 470 milhões de euros até 2028.
O estudo avaliou o impacto orçamental da recuperação dos seis anos, seis meses e 23 dias tendo em conta três cenários distintos, incluindo a proposta do Governo que resultou num acordo com sete das 12 organizações sindicais. A recuperação vai ser faseada numa média de 25% por ano entre 2024 e 2027.