Bugalho entre abraços, mulheres e o repto ao PS para clarificar “linhas vermelhas”
Candidato da AD às europeias aproveitou dúvidas de uma corredora em Vila Nova de Gaia para devolver desafio a Marta Temido e criticou o candidato socialista à Comissão Europeia, Nicolas Schimt.
Corpo do artigo
A cada passo, Sebastião Bugalho distribui beijos, abraços e aceita tirar “selfies”, ao estilo da política dos afetos pela qual ficou conhecido o presidente da República.
O cabeça de lista da AD procura ganhar pontos na rua, enquanto temas como os direitos das mulheres, em particular o aborto, continuam a ser armas de arremesso contra a sua candidatura, que a Esquerda tem colado à extrema-direita europeia. Bugalho insistiu que não há “hesitação” ou retrocessos naqueles direitos.
Devolveu o desafio, exortando o PS a esclarecer as suas linhas vermelhas, no dia em que Nicolas Schimt esteve com Marta Temido. E criticou o tipo de apoios que o candidato à Comissão Europeia recebeu, destacando Malta pela criminalização do aborto.
Ao longo da marginal de Vila Nova de Gaia, Sebastião Bugalho foi encontrando palavras de incentivo, mas também dúvidas.
“Uma mulher à frente”
Foi o que aconteceu com uma corredora que quis tirar uma fotografia com o candidato, mas disse que prefere votar numa mulher cabeça de lista, como é o caso de Temido e de Catarina Martins.
“Não sei, sou mulher, comemoramos os 50 anos do 25 de Abril e acho que é importante uma mulher à frente. O 25 de Abril foi das melhores coisas para as mulheres”, respondeu, quando questionada sobre a sua escolha nestas europeias. E insistiu que “a emancipação da mulher” na Revolução dos Cravos “foi muito boa”. Bugalho respondeu que a lista da AD “está cheia de mulheres defensoras do 25 de Abril”.
Já instado pelos jornalistas sobre os direitos das mulheres, recusou interpretar as palavras da corredora como qualquer crítica. “Se uma mulher achasse que os seus direitos não estavam salvaguardados por esta equipa não parava para tirar uma fotografia na rua connosco”, respondeu. E insistiu que “os direitos das mulheres estão defendidos e consagrados” na sua lista.
Aproveitou para criticar os socialistas. “Era muito importante o PS definir quais são as suas linhas vermelhas porque o candidato Nicolas Schmit é apoiado e a sua eleição dependerá de governos na Europa como o de Malta onde, sim, o aborto está criminalizado; pelo Governo da Dinamarca, também socialista, onde, sim, a deportação de migrantes para países terceiros existe; e pelo espanhol onde há muros e fronteiras físicas”, reagiu.
Além disso, a propósito da carta europeia dos direitos fundamentais, insistiu que o aborto “é um mecanismo que gere dois direitos” e “não poderia estar consagrado como direito único”. Mas “este não é o assunto desta campanha, até porque essa votação já aconteceu”.
Por entre corredores e ciclistas, o candidato seguiu caminho com a comitiva mais jovem a gritar “ninguém pára o Bugalho”. O candidato, de 28 anos, que tem sido acusado de impreparação, recebeu palavras de incentivo. “Nós os jovens temos que tentar mudar o mundo”, disse Juliana Guedes, de 31 anos. “Vamos fazer por isso”, prometeu Bugalho, que assumiu a ambição de eleger oito eurodeputados.
Manter os sete é o mínimo
Questionado sobre as palavras de Luís Montenegro quanto a ultrapassar o atual número de eleitos (seis do PSD mais um dos CDS), começou por ser cauteloso, reafirmando que “a meta mínima” é manter os sete.
Dulce Silva, de 57 anos, recebeu uma caneta etrês dezenas de páginas com propostas. “Já vi que é boa leitora. Rapidamente despacha o nosso flyer”, disse Bugalho, enquanto a eleitora, ainda indecisa, segurava um livro de João Tordo. Ainda não sabe em quem votará, mas disse que “convém haver renovação” e defendeu uma maior participação dos jovens na política.
De Gaia, a comitiva rumou ao Porto para a festa de Serralves, onde continuou a distribuir beijos, fotos e abraços. No final, o candidato foi abordado por um conjunto de manifestantes em defesa da Ucrânia e manifestou-lhes o seu apoio.