Dados da NASA, a agência espacial norte-americana, citados pela Associação Sistema Terrestre Sustentável, ZERO indicam que a área do buraco da camada de ozono alcançou, na passada sexta-feira, 25 milhões de quilómetros quadrados, duas vezes e meia a área da Europa. A ZERO quer medidas mais ambiciosas.
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“Dados dos últimos dias mostram que este ano estamos acima da média entre 1979 e 2022, com uma área do buraco de ozono que já atingiu, a 8 de setembro, 25 milhões de quilómetros quadrados, sensivelmente duas vezes e meia a área da Europa”, refere a ZERO em comunicado, no Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozono.
“A mais recente conclusão (…) do Protocolo de Montreal, confirma o papel fundamental deste tratado na eliminação das substâncias que empobrecem a camada de ozono e na recuperação do ozono estratosférico, estimando que regressaremos aos níveis da década de 80 sobre a Antártida em 2066”, acrescentam os ambientalistas.
Abandonar gases danosos
A associação ambientalista, em articulação com congéneres europeias, elaborou uma carta para a UE, em que “desmistifica” os entraves à adaptação mais rápida e adequada à progressão para um “futuro natural”. Na carta, pedem o abandono gradual dos gases danosos, como os gases com efeito de estufa (GEE), e alternativas mais ecológicas para substituir os interruptores de alta tensão, que usam hexafluoreto de enxofre (SF6), um gás prejudicial.
Adicionalmente, a associação verde vinca a importância de o Protocolo de Montreal e a emenda de Kigali, acordos internacionais que visam a proteção do meio ambiente, focados na camada de ozono e no combate às alterações climáticas, andarem “de mãos dadas” com o plano de descarborização RePowerEU, que promove o uso em massa de bombas de calor.
A ZERO quer medidas mais ambiciosas por parte da UE para a substituição de GEE, como F-gases, gases nocivos usados em dispositivos como frigoríficos, por exemplo, por alternativas mais sustentáveis.
“A ZERO entende que um acordo europeu ambicioso nos F-gases é uma oportunidade urgente e incontornável para salvaguardar a agenda climática e (…) apelamos, por isso, a uma decisão ambiciosa e responsável, com olhos no futuro ciente das aprendizagens do passado”, apontam.
Revisão da regulação
As propostas que operacionalizam a regulação das substâncias que empobrecem a camada de ozono (em inglês, ODS) e dos F-gases no espaço europeu são revistas a cada quatro anos, para garantir que a UE cumpre o Protocolo de Montreal e a emenda de Kigali.
“Estas peças legislativas são fundamentais para atingir a meta europeia de redução de emissões de, pelo menos, 55% até 2030 e a neutralidade climática até 2050 (…) mas enquanto a revisão da regulação das ODS é relativamente consensual e sobretudo focada em melhorias e ajustes para estar em linha com o Pacto Ecológico Europeu (PEE), o mesmo não se pode dizer da dos gases fluorados” referem.
“O otimismo aparente está fortemente condicionado pelo desconhecimento que ainda persiste e por recuos, onde se incluem as emissões inesperadas de diversas substâncias banidas”, acrescentam.
Este sábado celebra-se o Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozono, sobre o tema “Protocolo de Montreal: reparar a camada de ozono e reduzir as alterações climáticas”. “A solução, tal como nos primórdios de Montreal, é a substituição por alternativas com baixo impacto ambiental, agora com enfoque na prevenção do aquecimento global”, remata a ZERO.