Meio ano depois da entrada em vigor do IVA zero aplicável a 46 produtos alimentares, o preço do cabaz continua mais barato 5,76 euros, mas os preços estão a subir, contabiliza a Deco Proteste.
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A comparação direta do preço do cabaz entre 18 de outubro e 17 de abril, a véspera da implementação do IVA zero, permite perceber que o cabaz está mais barato 5,76 euros, cerca de 4%, divulgou esta quarta-feira a Deco Proteste. Na véspera da implementação deste alívio fiscal, o preço dos 46 produtos que integram o cabaz alimentar era de 138,77 euros. Está, agora, a 133,01 euros.
O Governo já anunciou o fim do IVA zero a partir de 1 de janeiro do próximo ano, aplicando uma compensação mensal de sete euros que vai beneficiar 1,5 milhões de famílias: beneficiários do abono de família, do complemento solidário para idosos, do rendimento social de inserção e da prestação social para a inclusão.
Segundo a análise da Deco Proteste, o preço do cabaz já esteve mais baixo e está a subir desde a segunda semana de julho, altura em que estava a 127,05 euros.
Desde que o Governo implementou a medida, alguns produtos registaram uma inflação acima da média, como são os casos dos brócolos e das laranjas, ambos com um aumento de preço de 50% face a 17 de abril. Entre os produtos que mais inflacionaram estão ainda o azeite (20%), a couve-flor (10%) e as maçãs golden (8%) e gala (6%).
Por categorias de produtos, houve uma descida de preços no peixe (menos 10,1%), nos laticínios (-6%), nas carnes (-5,6%) e na mercearia (-0,4%). Os congelados, a fruta e os legumes subiram, em média, 3,7%.
Aumentos de janeiro "preocupam-nos muito"
Ao JN, Rita Rodrigues da Deco Proteste, explica que "no primeiro mês e meio houve o impacto de redução do preço a pagar ao consumidor" porque a medida foi implementada "numa altura em que havia uma tendência de diminuição do preço base". No entanto, a partir de setembro, registou-se "uma tendência para o aumento do preço base e por isso o IVA zero que está a ser aplicado está a ser absorvido por esse aumento", acrescenta.
Para janeiro, Rita Rodrigues avança que, em teoria, haverá um aumento mínimo de 6% com a reposição do IVA. A real dimensão do aumento vai depender do aumento dos preços que ocorrer até lá, e das tradicionais atualizações de preço de janeiro. Os 6% de reposição vão incidir sobre os produtos inflacionados de janeiro: "Essas duas variáveis, neste momento, preocupam-nos muito do ponto de vista do esforço financeiro para o consumidor".
Num exercício teórico, a Deco Proteste concluiu que, se o primeiro dia de reposição do IVA fosse agora, o preço do cabaz estaria mais caro 2,58 cêntimos do que na véspera da entrada em vigor do IVA zero.