Foram 950 mil toneladas e são um exemplo dos muitos equipamentos elétricos que são descartados indevidamente. Instalação em Lisboa alerta para o problema e assinala Dia Internacional dos Resíduos Elétricos.
Corpo do artigo
De acordo com o Electrão, os “950 milhões de quilos de cabos descartados no último ano, um pouco por todo o mundo, dariam para contornar o planeta 107 vezes”. Para além do dano ambiental, trata-se de um enorme desperdício de materiais, pois os cabos “contêm cobre, material crítico na Europa, numa altura em que se prevê que a procura deste elemento aumente seis vezes até 2030, para satisfazer as necessidades de setores estratégicos como as energias renováveis, a indústria, comunicações e defesa”, refere a Associação de Gestão de Resíduos.
Os cabos são um exemplo do tipo de equipamentos elétricos "invisíveis”, aparelhos de pequena dimensão que funcionam com baterias, fichas ou cabos, mas que, dada a sua pequena dimensão, passam muitas vezes despercebidos aos olhos do cidadão, que os descarta incorretamente no lixo indiferenciado. Comandos, carregadores, auscultadores, pen usb, cartões de memória, cartões Multibanco, lâmpadas, escovas de dentes elétricas, relógios, são alguns exemplos. Mas há muitos mais. No ano passado, por exemplo, mais de 7,3 mil milhões de brinquedos elétricos - como automóveis, comboios, brinquedos musicais, bonecos e drones - foram transformados em resíduos.
Ricardo Furtado, diretor-geral do Electrão, diz que as pessoas “têm dificuldade em identificar estes pequenos equipamentos como aparelhos elétricos” e guardam-nos ou descartam-nos no lixo indiferenciado, pelo que acabam em aterros. Mas se forem reciclados, “é possível reaproveitar os materiais reintegrando-os na economia e evitando a extração de novas matérias-primas”. A correta reciclagem dos equipamentos invisíveis permitiria a recuperação anual de matérias-primas críticas na ordem dos 10 milhões de euros.
Substâncias perigosas
Para além disso, estes equipamentos elétricos, que são a tipologia de resíduos que regista o maior crescimento a nível mundial, também “contêm várias substâncias perigosas, como o chumbo, o mercúrio, o cádmio e os retardadores de chama, que podem contaminar o solo e as origens de água, poluindo os ecossistemas e colocando em risco a saúde humana”, acrescenta o Electrão.
De acordo com as Nações Unidas, só este ano, serão gerados oito quilos de resíduos de equipamentos elétricos por pessoa, a nível global, o que significará um total de 61,3 milhões de toneladas. Na Europa estima-se que 55% dos resíduos elétricos sejam oficialmente recolhidos, mas noutras partes do mundo as taxas de reciclagem rondam os 17%.
Para alertar para o problema e assinalar o Dia Internacional dos Resíduos Elétricos, que se assinala sábado, o Electrão promoveu uma instalação com aparelhos usados no Largo José Saramago, junto à Casa dos Bicos, em Lisboa. A partir desta quinta-feira, as pessoas são convidadas a “ligar-se à ideia de reciclar quando os aparelhos elétricos se desligam”, já que os equipamentos formam o símbolo “on/off”. O espaço, onde será possível deixar pequenos equipamentos elétricos para reciclagem, pode ser visitado até à próxima terça-feira, 17 de outubro.