O segundo dia da V Convenção do Chega em Santarém começou com uma manhã de intervenções políticas na mesma toada de unanimidade com que tinha terminado o primeiro dia. Os militantes falam mais em governar, há apelos à união e ao afastamento de quem critica André Ventura, a figura messiânica, presente em todos os discursos e que ninguém ousa criticar. Houve ainda um vice-presidente que pediu aos jovens que andem "à cacetada" com o PCP.
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André Ventura é "o nosso grande líder", "o homem que vai salvar Portugal" ou "o futuro primeiro-ministro". Sobram elogios para André Ventura na V Convenção do Chega que termina domingo. O líder, candidato único à Direção que afastou toda a oposição interna da Convenção, está a ser a estrela da reunião magna do Chega.
Todos os cerca de 30 discursos ouvidos até ao final da manhã, sem exceção, disseram o nome do líder, e muitos glorificaram-no. "Se não for este partido, se não for o nosso presidente, os nossos filhos e os nossos netos não terão futuro neste país", atirou Filipe Melo, deputado eleito por Braga.
Era em Braga que estava uma das fações contrárias a André Ventura. Na última Convenção, em Viseu, o grupo liderado pela militante bracarense Mónica Lopes desafiou o líder com uma lista independente ao Conselho Nacional e elegeu 17 conselheiros, o que levou grande parte dos dirigentes distritais a virar-lhe as costas na altura.
Desta vez, Mónica Lopes está ao lado de André Ventura e de Filipe Melo. As críticas ficaram à porta e o único discurso que podia ser crítico serviu para falar de pontes. "Estou aqui a dar a cara por pontes, porque pontes significam sempre agregação", afirmou a militante.
Ainda assim, muitos não esqueceram as guerras internas que o partido atravessou praticamente desde que foi criado. Para aqueles que as querem continuar, "a porta da rua é a serventia da casa", aconselhou o militante Júlio Silva. E na falta de oposição visível, o alvo passam a ser os jornalistas. "São um jornalixo", epitetou o militante Afonso Palma Ferro. "Estou muito curioso para ver o que vão escrever amanhã", pressionou Luís Paulo Rodrigues, presidente da Distrital de Leiria.
Vice pede "cacetada" contra PCP
A defesa de grupos profissionais numerosos como os professores, os camionistas, os profissionais de saúde, as forças de segurança e os bombeiros são também comuns aos discursos, mas houve um que se destacou pela peculiaridade com que viajou para outros tempos da disputa partidária. Foi o de António Tânger Correia, vice-presidente do Chega.
O dirigente lembrou os tempos em que liderou a Juventude Centrista para pedir maior presença e dinamismo à Juventude Chega: "Eu não quero que a Juventude Chega seja igual às outras. Eu queria ver a Juventude Chega, chamem-me saudosista ou o que quiserem, a lutar nas ruas à cacetada com o MRPP e com o PCP". Muitos dos que participam no congresso ainda são desse tempo e aplaudiram efusivamente o conselho dado aos mais novos. Galvanizado, Tânger Correia ainda soltou: "No meu tempo era uma limpeza".