O calor foi responsável por mais de 47 mil mortes na Europa, no ano passado, com Portugal a figurar nos lugares cimeiros da lista de 35 países analisados. É o sexto país da Europa com mais mortes por milhão de habitantes.
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Segundo um estudo do Instituto de Saúde Global de Barcelona, e publicado na revista científica "Nature Medicine", morreram em Portugal 1432 pessoas devido às altas temperaturas em 2023, naquele que foi o ano mais quente registado a nível mundial e o segundo mais quente do continente europeu.
Sem surpresas, a taxa de mortalidade é mais elevada nos países do Sul da Europa, com a Grécia a ocupar o topo da tabela (393 mortes por milhão de habitantes), seguida da Bulgária e de Itália. Portugal aparece na sexta posição, com 136 mortes por milhão de habitantes, quase o dobro da média europeia, cifrada nos 88 mortes por milhão de habitantes.
Por outro lado, no que diz respeito aos números globais, é na Itália onde se morre mais devido ao calor: em 2023 terão sido quase 13 mil pessoas. Espanha ocupa o segundo lugar, com mais de 8 mil óbitos, e a Alemanha o terceiro posto, com 6376.
Das 47 690 mortes atribuídas ao calor em 2023, 47 312 terão ocorrido no período mais quente do ano, entre 29 de maio e 1 de outubro. Ainda assim, o estudo alerta que estes números podem subestimar o verdadeiro peso da mortalidade relacionada com as altas temperaturas, uma vez que os investigadores não tiveram acesso aos registos diários e homogéneos de mortalidade de 2023, mas sim às contagens semanais de óbitos do Eurostat.
Os investigadores acreditam que, se tivessem melhores bases de dados de mortalidade disponíveis, o total de mortes relacionados com o calor em 2023 poderia ser superior aos 58 mil.
Europeus estão menos vulneráveis
Apesar dos valores expressivos, os investigadores salientam que a vulnerabilidade dos europeus (sobretudo dos idosos) ao calor diminuiu progressivamente ao longo do século e que, se as temperaturas registadas em 2023 tivessem ocorrido entre 2000 e 2004, o calor teria feito mais de 85 mil vítimas.
Contudo, a equipa científica alerta que "há limites inerentes à fisiologia humana" que vão condicionar, no futuro, as possibilidades de adaptação ao calor e que há, por isso, uma "necessidade urgente de implementar estratégias" para reduzir a carga de mortalidade.