Estudo incide sobre maiores de 50 anos e vai abranger todas as regiões até ao final de 2022.
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Passaram mais de 20 anos desde que a insuficiência cardíaca foi esmiuçada a nível nacional. Mas, este ano, termina o interregno. Um camião do estudo PORTHOS ("PORTuguese Heart Failure Observational Study", a sigla em inglês) vai percorrer as regiões de Portugal Continental, permitindo conhecer a prevalência da insuficiência cardíaca no país. O objetivo é assegurar um diagnóstico precoce e um tratamento atempado dos doentes.
A amostra será de 5600 pessoas, acima dos 50 anos, selecionadas aleatoriamente da lista de inscritos nos centros de saúde. "Estimamos que dois mil destes possam ter insuficiência cardíaca", diz Cristina Gavina, uma das principais investigadoras do estudo, organizado pela Sociedade Portuguesa de Cardiologia, a Nova Medical School e a AstraZeneca. A farmacêutica vai investir cerca de um milhão de euros.
O último estudo realizado em Portugal, o EPICA, cujos dados foram recolhidos entre 1998 e 2000, contabilizava cerca de 400 mil portugueses com insuficiência cardíaca. Apesar dos desenvolvimentos na ciência, "está a aumentar a mortalidade por insuficiência cardíaca", avança a investigadora devido ao envelhecimento da população e ao estilo de vida sedentário.
Segundo a Pordata, as doenças do aparelho circulatório permanecem como a principal causa de morte. Em 2019, a proporção foi de 29,9%. A mortalidade relacionada com enfartes de miocárdio "tem progressivamente melhorado", afirma Cristina Gavina, com a rápida atuação e instrumentos como a "via verde coronária".
No terreno este mês
Mas nem tudo se resume a estas situações. "Alguns dos doentes com insuficiência cardíaca resultam de enfartes extensos, que ficaram com cicatrizes grandes", esclarece a também médica.
No Norte vão ser rastreadas 2500 pessoas, 2600 em Lisboa e Vale do Tejo, 1300 no Centro, 420 no Alentejo e 350 no Algarve. A distribuição explica-se pela densidade populacional de cada região. O número total é superior à amostra definida, mas deve-se ao facto de nem todos os utentes estarem disponíveis.
Depois de um teste-piloto em Matosinhos, no início de dezembro, o camião segue para o terreno no final deste mês, a partir do Centro. Os primeiros resultados só devem ser conhecidos em abril de 2023.