Campanha "Cada segundo conta" pretende alertar população para a importância do diagnóstico atempado e chamada do 112. Foram feitas mais angioplastias primárias em 2021.
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Há quatro meses, José Manuel Castro apanhou um "susto" que lhe mudou a vida. Era um domingo normal, de passeio pela Foz, quando sentiu uma dor forte no peito. Ao início, desvalorizou. Depois, começou a sentir dormência nos ombros. Continuou a desvalorizar. Mas os sintomas levaram a mulher, conhecedora dos sinais de enfarte, a ligar para o 112. Os médicos confirmaram o diagnóstico: José estava a sofrer um enfarte agudo do miocárdio.
"Tive muita sorte por a minha esposa estar comigo. Eu pensava que estava cansado ou tinha dado um mau jeito ao sair do carro. Foi ela que me salvou", contou o utente, de 60 anos, que foi submetido a uma angioplastia primária no Hospital de Santo António, no Porto.
Para promover a literacia sobre a doença e alertar para a importância do diagnóstico atempado e tratamento precoce, a Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular e a Stent Save a Life lançaram uma campanha de sensibilização. "Cada Segundo Conta" é o mote da iniciativa que decorre na Internet.
Quais os sinais de alerta?
"Temos de educar e alertar os doentes para identificarem os sintomas e rapidamente ligarem ao 112, ou seja, entrarem na via verde coronária", sublinhou João Brum Silveira, cardiologista de intervenção no Hospital de Santo António e coordenador da iniciativa Stent Save a Life, relatando que a dor no peito, náuseas, vómitos e suor são alguns dos sintomas do enfarte. No ano passado, segundo dados já divulgados pelo Registo Nacional de Cardiologia de Intervenção, foram feitas 4002 angioplastias primárias para tratar enfarte agudo do miocárdio, o que representa um aumento de 4,8% face a 2020.
No Santo António, um dos 20 hospitais que integram a rede nacional de referenciação em caso de enfarte agudo do miocárdio, realizam-se cerca de 800 angioplastias primárias por ano. A intervenção dura entre 15 e 20 minutos e é realizada numa sala de hemodinâmica.
Após a angioplastia, os doentes seguem um plano de reabilitação ajustado às suas necessidades. Primeiro durante o internamento, depois no pós-alta. "Inclui a questão física, mas também a consciencialização do doente para a doença e para as alterações dos estilos de vida", explicou Bruno Delgado, enfermeiro especialista em reabilitação do Hospital de Santo António.
Após o enfarte, José Manuel Castro "mudou a vida por completo". A par de praticar exercício físico, reduziu o horário de trabalho e alterou a alimentação.
Cuidados a ter
Para evitar um enfarte é importante adotar um estilo de vida saudável: não fumar, reduzir o colesterol, controlar a tensão arterial e a a diabetes, fazer uma alimentação saudável, praticar exercício físico, vigiar o peso e evitar o stress.
Ligar 112
Segundo o médico João Brum Silveira, a rede nacional de referenciação em caso de enfarte conta com 20 hospitais públicos em todo o país. Quando detetam algum sintoma de enfarte agudo do miocárdio, os doentes devem ligar para o 112, de forma a serem transportados para uma das unidades de saúde que integram a rede.