Com o luto nacional pela morte do Papa Francisco, a decisão do Governo em cancelar as comemorações festivas está a motivar críticas. Os líderes do PS e do Livre, assim como o capitão de Abril Vasco Lourenço, pedem aos portugueses para sair à rua.
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A decisão do Governo português de cancelar as festividades do 25 de Abril, desta sexta-feira, por causa do luto nacional pela morte do Papa Francisco, está a ser criticada por figuras públicas e políticos, como Pedro Nuno Santos, Rui Tavares e Vasco Lourenço.
Pedro Nuno Santos comentou que o "Governo comete um erro", ao desvalorizar uma data tão importante como o 25 de Abril. No Porto, o secretário-geral do PS considerou que não é desrespeito pela memória do Papa Francisco celebrar a Revolução dos Cravos e, por isso, convida a população portuguesa a sair à rua para comemorar a data.
Rui Tavares e o capitão de Abril Vasco Lourenço consideram também que Francisco não concordaria com este cancelamento, dado que viveu nas ditaduras argentinas (1966-1973 e 1976-1983). O luto nacional vai prolongar-se até sábado, dia 26 de abril. Em Espanha, o luto nacional termina nesta quinta-feira, dia 24 de abril, após três dias iniciados na terça-feira.
O porta-voz do Livre mostrou-se chocado com esta escolha do Governo, considerando ser “uma singular falta de respeito pela democracia e pelo 25 de Abril”, no ano em que se celebra os 50 anos das primeiras eleições livres. O deputado relembra que Francisco “foi cidadão de um país que viveu em ditadura" e "alguém que saberia do papel pioneiro do 25 de Abril". "Se imaginasse que algum governo iria deixar de celebrar a democracia sem a qual o governo não tem legitimidade, usando o Papa Francisco como desculpa, acho que ficaria muito triste", declarou.
Jardins de São Bento abrem sem festa
Apesar das críticas, a Câmara de Sintra adotou a ideia do Governo e cancelou as festividades. O município de Sintra, presidido por Basílio Horta, eleito pelo PS, tem a tradição de hastear a bandeira no dia 25 de abril. Este ano organizaria um concerto dos The Black Mamba e uma exposição dedicada a Mário Soares. Outra Câmara que já cancelou eventos foi a da Póvoa de Varzim (PSD).
Já esta quinta-feira, o gabinete do primeiro-ministro começou por anunciar que a abertura dos jardins de São Bento foi adiada para o dia 1 de maio, Dia do Trabalhador. O evento vai contar com a presença de Luís Montenegro e concerto de Tony Carreira. Posteriormente, São Bento esclareceu que os jardins estarão, afinal, abertos para visitas ao público durante o 25 de Abril, entre as 10 e as 17 horas, com distribuição de cravos, mas sem festa e sem a presença de Luís Montenegro, que viajará nesse dia para Roma para participar nas cerimónias fúnebres do Papa Francisco.
Na Assembleia da República mantém-se a realização da sessão solene na sexta-feira.