Cancro da mama: Liga estima rastrear meio milhão de mulheres nos próximos dois anos
Alargamento da faixa etária para os 45-74 anos já está no terreno. Objetivo é chegar a uma taxa de adesão de 70%.
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O rastreio ao cancro da mama de mulheres a partir dos 45 e até aos 74 anos já está no terreno, garante ao JN o presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC). Segundo Vítor Veloso, o objetivo é, nos próximos dois anos, rastrear meio milhão de mulheres, 300 mil das quais no Norte. E chegar a uma taxa de adesão de 70%. Em linha com as recomendações do Conselho da União Europeia, recorde-se, a Direção-Geral da Saúde (DGS) autorizou a antecipação do rastreio dos 50 para os 45 anos e o seu alargamento dos 69 aos 74 anos. Sabendo-se que é na faixa 45-49 que estão a ser diagnosticados mais novos casos de cancro da mama.
Vítor Veloso considera "ser ainda cedo" para fazer balanços, mas nota "uma avidez grande por parte destes grupos para terem acesso à mamografia", que mede pelos contactos "diários para a LPCC" de mulheres a procurarem informações sobre quando serão chamadas. Sobre o processo em si, explica que quando o resultado é positivo as utentes são referenciadas para tratamento num dos hospitais de referência, e preferencialmente de residência, indicados pela Direção Executiva do SNS. A mesma que entrega à LPCC a listagem das mulheres a convocar.
Por outro lado, adianta o presidente da Liga, as mulheres saem do rastreio com o diagnóstico fechado. Ou seja, se na sequência dos resultados da mamografia for necessário realizar uma ecografia ou uma biópsia os mesmos são assegurados pela Liga. "Aqui, os tempos máximos [de espera] não são dilatados, é rápido", adianta ainda.
A expectativa, diz Vítor Veloso, é chegar a meio milhão de mulheres nestes dois anos e atingir os 70% de taxa adesão. O que "não será muito difícil no Norte e no Centro, quando no Sul é mais difícil". No Algarve, explique-se, o rastreio é assegurado pela Associação Oncológica do Algarve.
Conforme o JN noticiou há um ano, a faixa etária feminina dos 45 aos 49 anos respondeu, em 2020, pelo maior número de novos casos de cancro da mama. Com a taxa de incidência a superar a das faixas 50-54, 55-59 e 60-64, abrangidas pelo rastreio, de acordo com dados do Registo Oncológico Nacional. A tão reivindicada antecipação da idade de rastreio de base populacional para os 45 anos acabaria por ver a luz do dia em dezembro do ano passado, com a publicação, pela DGS, da nova norma relativa ao programa de rastreio ao cancro da mama, alargando-o, ainda, aos 74 anos de idade.