Calendário que o PS aprova este sábado não é consensual. Socialistas defendem novo líder legitimado, mas também tempo para reflexão profunda.
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Quando o PS se reúne este sábado de manhã para lançar o processo de eleição do novo secretário-geral, já no próximo mês, os candidatos às autárquicas dividem-se sobre qual o melhor timing, mas têm em comum uma preocupação quanto ao impacto das legislativas e da situação do partido nas eleições que se irão realizar após o verão. Entre os que defendem que as diretas só deveriam acontecer depois e quem considera que o melhor é eleger já o sucessor de Pedro Nuno Santos, porque o PS não pode ficar quatro meses sem liderança, há quem aposte no “mal menor” e apoie um consenso em torno de José Luís Carneiro para evitar divisões.
Na véspera da Comissão Nacional do PS, em que Carlos César irá assumir interinamente a liderança e propor diretas para finais de junho ou início de julho, José Luís Carneiro já era dado como novo secretário-geral, após Fernando Medina, Mariana Vieira da Silva, Ana Catarina Mendes e Duarte Cordeiro se terem excluído. Mas Miguel Prata Roque deixou essa hipótese em aberto. Cumprindo o que anunciou na noite eleitoral, Pedro Nuno Santos deixa o cargo este sábado e passa o testemunho ao presidente do PS.
Primárias e estados gerais
O JN questionou candidatos sobre a proposta de diretas em junho e de congresso após as autárquicas. Luísa Salgueiro, candidata a Matosinhos, diz que “o PS não deve avançar para eleições internas agora”, mas “só depois das autárquicas”, focando-se em “garantir o melhor resultado” possível.
Para a líder da Associação Nacional de Municípios Portugueses, será preciso lançar “um processo aberto à sociedade”, com “eleições primárias”, porque “o PS não se pode fechar em si mesmo” e “era uma boa forma de promover novos estados gerais”.
Com diretas já, “um candidato único ou pelo menos hegemónico” como Carneiro é “um mal menor porque haverá menos divisão” também nas estruturas locais. Mas insiste ser preferível Carlos César assumir o comando até às autárquicas.
João Paulo Correia, candidato do PS a Gaia, afirmou ao JN que “o PS não pode ficar sem liderança em circunstância alguma, muito menos a quatro meses das autárquicas”.
Favorável a eleições diretas já, crê que “o maior desafio que se coloca ao PS é unir-se em torno de um novo líder que, nas eleições internas, irá promover a reflexão que é tão importante”. E apoia uma solução “consensual” em torno de José Luís Carneiro.
“Tenho dúvidas”, disse, por sua vez, Ricardo Costa, candidato a Guimarães, porque “nenhuma das decisões é fácil”. Por um lado, o PS precisa de uma grande reflexão interna, desde logo sobre um eventual “reposicionamento ideológico”, o que “leva tempo”. Por outro, “também é verdade que não pode ficar sem líder quatro ou cinco meses, poderia ser desastroso”.