O "Gulbenkian Carbono Azul" é um projeto que vai mapear todos os ecossistemas marinhos e costeiros em Portugal com potencial para retirar dióxido de carbono da atmosfera em quantidades superiores às das florestas. Anunciado no Dia Mundial do Oceano, 8 de junho, este projeto pioneiro pretende envolver empresas e outros agentes económicos interessados em reduzir a sua pegada carbónica.
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A Fundação Calouste Gulbenkian define "Carbono Azul" como "o termo utilizado para designar o carbono capturado e armazenado pelos ecossistemas marinhos e costeiros." Ou seja, refere-se à quantidade de dióxido de carbono removido da atmosfera por estes ecossistemas e que promovem a redução do impacto dos gases de efeito de estufa (GEE) na atmosfera.
Os ecossistemas costeiros atualmente reconhecidos como possuindo o maior potencial para a mitigação do aumento de dióxido de carbono na atmosfera são os mangais, pradarias marinhas, sapais e florestas de algas. "As taxas de captação de carbono pelos ecossistemas marinhos são muito mais elevadas do que o captado pelos ecossistemas terrestres. Trata-se, por isso, de uma solução de base natural para as alterações climáticas", afirma a Gulbenkian.
No âmbito do projeto "Gulbenkian Carbono Azul" será ainda disponibilizada uma carteira de intervenções de proteção e restauro destes "ecossistemas de carbono azul" em Portugal, à qual as empresas e outros agentes económicos interessados poderão recorrer para compensar a sua pegada carbónica e/ou investir em carbono azul em Portugal.
Neste mapeamento, feito de norte a sul de Portugal Continental, os ecossistemas estarão caracterizados (localização, dimensão, condição em que se encontra, taxa anual de sequestro de carbono, entre outras características), de modo a definir as medidas de proteção e restauro adequadas. A disponibilização desta informação pretende fomentar o investimento em conservação e restauro ecológico destes habitats marinhos e costeiros, vitais para o combate à crise climática, proteção da biodiversidade e para alcançar as metas do Acordo de Paris de 2015.
A Fundação Calouste Gulbenkian, em parceria com o CCMAR - Universidade do Algarve e a ANP | WWF - Associação Natureza Portugal, vai apresentar este projeto na Conferência do Oceano das Nações Unidas, que decorre em Lisboa entre 27 de junho e 1 de julho.