O cardeal italiano Carlo Maria Martini foi e é uma referência, quer como biblista, reitor da Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, quer como arcebispo de Milão, desde 1979 e jubilado em 2002, indo viver para Jerusalém.
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No último conclave, era um dos "papáveis" mais citados, havendo quem o preferisse "martini rosso", simplesmente cardeal, e não "martini bianco" como Papa. Há quem agora tente dialogar com ele, para uma espécie de testamento espiritual. Foi já o caso de "Colóquios nocturnos em Jerusalém - Sobre o risco de acreditar", em conversa com o jesuíta Georg Sporschill. Agora, é a vez de o cardeal Martini defender, em conversa com o padre Luigi Vergé, no livro "Estamos todos no mesmo barco", que o Papa aplique aos divorciados recasados idêntica medida à que usou com os lefebvrianos a quem revogou a excomunhão. Sublinha, no entanto, que essa medida de misericórdia deve evitar a ligeireza e a superficialidade. Quem tem de encontrar solução para esses casos não é um padre ou um bispo qualquer, mas toda a Igreja, guiada pelo Papa. Sem perda do carisma do celibato, defende também o celibato opcional para os padres, sem ficarem de fora homens casados. Finalmente, quanto à eleição dos bispos, advoga que a Igreja deve melhorar a forma da sua escolha, provavelmente com uma participação mais alargada das comunidades cristãs.