O presidente da câmara de Lisboa, o social-democrata Carlos Moedas, defendeu, este domingo, uma coligação pré-eleitoral entre o PSD e o CDS e considerou que muitos eleitores votam no Chega por cansaço do atual estado do país.
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Carlos Moedas falava aos jornalistas à margem da festa de Natal da Comunidade Vida e Paz, na cantina da Universidade de Lisboa, onde almoçou com pessoas em situação de sem-abrigo.
"Desde o início defendi uma coligação entre o PSD e o CDS. Primeiro, pela história que temos em conjunto como partido, pelo que fizemos no país, aquilo que construímos. É muito importante essa aliança. Defendo e sempre defendi uma aliança pré-eleitoral entre o PSD e o CDS. Assim fiz em Lisboa", disse.
Questionado sobre se o PSD não deve procurar o apoio do Chega, em função dos resultados eleitorais das legislativas de 10 de março, Carlos Moedas salientou que nunca fez em Lisboa uma coligação com o partido liderado por André Ventura e garantiu que não o fará.
"Não me identifico e penso que aquilo que é a ideologia do Chega não se identifica com aquilo que é a governação de Carlos Moedas. Temos de respeitar o cansaço das pessoas que votam num partido como o Chega. Essas pessoas estão cansadas da situação atual", disse.
Para Carlos Moedas, "esse cansaço mostra as falhas da governação". "Os votantes do Chega, muitos desses votantes, não votam por convicção nas ideias do Chega. Votam pela situação em que o país está há muitos anos e esta estagnação do PS", considerou.
Por outro lado, o social-democrata defendeu que o líder do PSD, Luís Montenegro "está a mostrar a sua capacidade e a sua fibra".
Moedas questiona ideias de Pedro Nuno Santos face à "estagnação do país"
Carlos Moedas questionou quais são as ideias na do novo secretário-geral do PS face à estagnação que o país vive devido aos oito anos de governação socialista.
"Qualquer novo líder vem com força, mas quais são as ideias desse líder? O que é que ele, na prática, vai fazer? O que é que o PS tem a oferecer nesta altura, depois de tantos anos? O que é que vai oferecer aos cidadãos?", questionou Carlos Moedas.
O também dirigente social-democrata considerou que "as pessoas veem muito essa energia de alguns políticos, mas depois não é seguida por ações".
"Como presidente da câmara, só desejo democraticamente que tudo corra bem nestas eleições que temos pela frente. O país vive um momento difícil, em que o país está estagnado", considerou, acrescentando: "um momento em que há tantos anos somos governados pelo PS e uma governação que mostra muitas falhas".
As declarações de Carlos Moedas ocorrem depois de no sábado à noite Pedro Nuno Santos ter sido eleito secretário-geral do PS, ao vencer as eleições diretas de sexta-feira e sábado com 62% dos votos.
Ainda assim, o social-democrata desejou "as maiores felicidades a todos os partidos em Portugal" para a campanha das legislativas de 10 março. "Ontem [sábado] houve a eleição do novo líder, do novo secretário-geral do PS. Desejo o melhor para um partido que é muito importante na nossa democracia", disse.
Carlos Moedas esteve presente no segundo dia da festa de Natal da Comunidade Vida e Paz. No sábado, primeiro dia da iniciativa que decorre até segunda-feira, a Comunidade Vida e Paz recebeu cerca de 550 pessoas em situação de sem-abrigo, doou quatro mil peças de roupa, serviu 1500 refeições (incluindo as dos voluntários) e as equipas técnicas realizaram 67 consultas médias, 69 rastreios cardiovasculares e administrou 35 vacinas contra a gripe. A Comunidade Vida e Paz encontra-se a recolher junto de pessoas em situação de sem-abrigo e vulnerabilidade social quais são as maiores necessidades e problemas vividos, para produzir uma carta-aberta a fazer chegar às autoridades competentes.