O secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, voltou, esta quinta-feira, a exigir ao Governo que tome medidas para mitigar o impacto das tarifas impostas pelos Estados Unidos e procure, junto da União Europeia, defender os interesses do país.
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“Exijo, a partir daqui de Guimarães, ao Governo uma resposta às empresas do têxtil, do vestuário, do calçado, que carecem hoje de um plano para mitigar os efeitos das tarifas que venham a ser adotadas por parte dos Estados Unidos. O Governo deve ter um plano bem preparado para proteger estas empresas e para procurar, junto da União Europeia, defender os interesses do nosso país”, disse o líder socialista.
Em Guimarães, à entrada para a apresentação da comissão de honra da candidatura de Ricardo Costa à presidência da Câmara Municipal, o secretário-geral do PS quis concentrar as atenções na área da economia.
“Estamos aqui com centenas de empresários de Guimarães, personalidades da vida cívica, a tratar de um assunto muito sério para as empresas desta região. Os Estados Unidos anunciaram tarifas de 30% sobre os produtos europeus. Esse impacto na nossa economia exige da parte do Governo um plano devidamente preparado em Portugal e na União Europeia”, disse.
José Luís Carneiro enumerou vários setores da economia para os quais exige atenção, nomeadamente o têxtil, vestuário, calçado, o setor dos vinhos e o setor da saúde. “São setores que vão ser profundamente afetados com as tarifas a serem adotadas por parte dos EUA. A minha preocupação fundamental é a preocupação com o crescimento da economia do nosso país. A nossa economia precisa de crescer, precisa de criar melhores salários e para isso precisa dos nossos empresários, das nossas empresas”, referiu.
Lembrando que o Governo anunciou uma redução do IRC, José Luís Carneiro quis “deixar claro” que o PS é a favor da redução do IRC, embora "direcionada para objetivos de política económica, nomeadamente para procurar garantir um acordo de rendimentos que valorize os salários, para procurar investir na modernização tecnológica, na inovação e para procurar garantir que as empresas se preparam para enfrentar o desafio das tarifas e da concorrência internacional”.
“Estudos do Banco de Portugal mostram que as tarifas podem ter um impacto na nossa economia que pode significar uma perda, para sempre, de mais de 3 mil milhões de euros. Podem confiar no Partido Socialista para defender estas preocupações no parlamento e na preparação futura da discussão do Orçamento de Estado”, concluiu.
Banco de Portugal: Mário Centeno tem prestígio além-fronteiras
Na mesma ocacisão, o secretário-geral do PS considerou hoje que na escolha para o cargo de governador do Banco de Portugal (BdP) “o que deve imperar é o interesse nacional” e lembrou que Mário Centeno tem prestígio nacional e internacional. “Nestas matérias, como ocorre com o governador do BdP, o que deve imperar é o interesse nacional”, disse José Luís Carneiro.
“Vamos aguardar pela decisão do Governo. É evidente que o doutor Mário Centeno tem um prestígio no país e tem um prestígio internacional. Este estatuto deve, do meu ponto de vista, ser aproveitado pelo país. Não aproveitar este estatuto, este prestígio, significa não defender convenientemente o interesse do nosso país”, referiu.
José Luís Carneiro recordou que “Mário Centeno é dos ex-ministros das Finanças e dos responsáveis máximos dos bancos centrais mais respeitados na Europa”, razão pela qual considerou que se deve “ter a capacidade para reconhecer o valor dos outros, independentemente de serem do nosso partido ou não”.
“Por exemplo, hoje aqui nesta cerimónia, uma grande percentagem das pessoas que aqui se encontram são empresários que não são do Partido Socialista. Votam muitas vezes no PSD, votam no CDS, temos aliás pessoas da Comissão de Honra que foram do CDS. O que é que isto significa? Quando colocamos o interesse das pessoas, o interesse de uma região, o interesse de um país à frente dos interesses partidários, a isso se chama o interesse nacional”, concluiu.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, assegurou hoje que o Governo vai indicar o nome do novo governador do Banco de Portugal após a reunião do Conselho de Ministros de quinta-feira. “Durante a próxima semana, nós tomaremos essa posição e, portanto, no Conselho de Ministros de quinta-feira anunciaremos a nossa posição”, disse.