O Campeonato do Mundo de Futebol está a criar expectativas na criação de postos de trabalho, mas algumas dessas ofertas dissimulam regimes de escravidão.
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Quem previne é a "Talitha Kum - Rede Internacional de Religiosas contra o Tráfico de Pessoas", que está a organizar uma campanha a nível mundial destinada às potenciais vítimas e potenciais traficantes, tendo em vista o Mundial que se realiza na África do Sul, de 11 de Junho a 11 de Julho.
As responsáveis pela iniciativa, intitulada "Somente o jogo: Dêmos um pontapé ao tráfico de pessoas", estão preocupadas por a África do Sul não dispor de leis que punam essa actividade e por as fronteiras permitirem a passagem clandestina com relativa facilidade.
A campanha inclui acções de sensibilização em escolas, paróquias e grupos de jovens, presença em rádios e jornais, envolvimento de líderes comunitários e criação de um número de telefone nacional de denúncia a situações de exploração laboral.
A "Talitha Kum" enviou uma carta aos responsáveis da Igreja Católica - bispos, superiores religiosos e membros de congregações -, pedindo o apoio à sua iniciativa. As religiosas decidiram também remeter mensagens a membros de claques e adeptos, potenciais vítimas do tráfico e facilitadores involuntários.
Brasil, Nigéria, Canadá, Botswana e Tailândia são alguns dos países que já estão a reagir à campanha com acções de sensibilização, alertando para a acção das centenas de bandos dedicados à exploração de mão-de-obra - só nos países limítrofes existem cerca de 500 grupos.
Recorda-se que, na mensagem para o Dia Mundial das Migrações de 2006, o Papa Bento XVI escreveu que é "fácil para o traficante oferecer os próprios 'serviços' às vítimas, que muitas vezes não suspeitam minimamente o que deverão enfrentar".
"Em alguns casos há mulheres e jovens que são destinadas à exploração no trabalho, quase como escravas, e não raramente também na indústria do sexo", assinalava o Papa, acrescentando que "existe um inteiro programa de redenção e de libertação, ao qual os cristãos não se podem subtrair".
A Rede Internacional de Religiosas contra o Tráfico de Pessoas foi criada em 2009 pela União Internacional das Superioras Gerais, organismo que reúne 1990 congregações femininas, num total de mais de 700 mil religiosas. Levam a cabo uma obra de defesa de pessoas em situações de risco.