O sociólogo Manuel Carvalho da Silva afastou, esta quinta-feira, a hipótese de se candidatar à Presidência da República nas eleições do próximo ano, pondo fim a um período de especulação sobre a sua eventual candidatura independente e considerada de união de uma parte da esquerda.
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"Eu manifestei disponibilidade mas nunca me inscrevi na corrida, nem me coloquei na linha de partida. Mas isso não vai acontecer, não vai haver uma candidatura minha à Presidência da República", disse Carvalho da Silva em entrevista à agência Lusa.
O ex-sindicalista negou que a sua decisão tenha a ver com falta de apoios, pois, segundo ele, tem recebido mensagens de apoio e incentivo de todo o país e setores da sociedade.
"Tenho tido também muitas pessoas a disponibilizarem-se para preparar uma candidatura minha, mas isso não vai acontecer", assegurou.
Apesar dos sinais de simpatia e apoio que tem recebido como incentivo a candidatar-se a Belém, Carvalho da Silva admitiu que seria muito difícil concretizar essa hipótese sem apoios partidários.
"Tenho consciência de que tenho a simpatia e o apoio de muitos portugueses, mas daí até ter uma estrutura organizada capaz, sem contar com apoios partidários, não é fácil ", disse salientando que uma eventual candidatura sua seria "uma candidatura cidadã, construída na sociedade".
"Isso não é fácil, ainda mais no contexto atual. É um desafio pesado", acrescentou.
Carvalho da Silva adiantou ainda que não se vai candidatar a presidente porque não quer ser um fator perturbador na sociedade ou na política.
"A minha vida tem sido dedicada a causas concretas, ao mundo do trabalho e ao herói comum. Eu não posso dar qualquer passo que possa ser considerado como fator perturbador e muito menos como bode expiatório de soluções que estão para além de mim", disse à Lusa.
O cenário político foi outro dos fatores que levaram o professor universitário a retirar a disponibilidade para uma eventual candidatura à Presidência da República.
"Podemos correr o risco de ter um novo ciclo político que seja de continuidade e de afirmação da subjugação dos portugueses à austeridade", considerou.
O investigador social defendeu a necessidade de "despertar toda a esquerda" para este risco e de ser construído um entendimento para que os portugueses possam ter um ciclo político novo, com novas políticas.