O surto de hepatite aguda de origem desconhecida que, desde abril, já afetou quase três centenas de crianças e jovens menores de 16 anos em toda a Europa está a dar sinais de abrandamento.
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O surto de hepatite aguda de origem desconhecida que está a afetar crianças já soma 650 casos suspeitos em 33 países. A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou, esta sexta-feira, que morreram nove crianças, uma das quais na Europa e que 38 precisaram de um transplante de fígado. Em Portugal, contam-se 14 casos suspeitos em investigação. A relação desta inflamação do fígado com o adenovírus continua a ser a hipótese mais provável, mas uma eventual ligação à covid-19 não está descartada.
De acordo com um relatório da OMS, divulgado hoje, os casos deste surto são mais graves e "uma maior proporção desenvolve insuficiência hepática aguda em comparação com relatórios anteriores de hepatite aguda de etiologia desconhecida em crianças". A OMS avaliou o risco a nível global como moderado.
"A boa notícia é que no Reino Unido o número de novos casos está a diminuir", adiantou, ao JN, Rui Tato Marinho, coordenador do Programa Nacional para as Hepatites Virais da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Membro da task-force criada pela DGS há um mês para acompanhar o surto de hepatite de origem misteriosa nas crianças, Tato Marinho refere que "outra boa notícia" é que a mortalidade nos países desenvolvidos é baixa. Entre as 374 crianças infetadas na Europa, registou-se uma morte, notou o gastrenterologista. Em Portugal, continuou, "há uma média de um caso dia sim, dia não". No total, havia ontem 14 casos suspeitos em investigação, sendo que alguns ainda podem deixar de o ser.
Maioria evolui bem
"A grande maioria está a evoluir bem, não está internada, e não houve necessidade de transplantes", referiu ainda Rui Tato Marinho, sem precisar quantas crianças estão atualmente a necessitar de cuidados hospitalares. A média de idades dos doentes portugueses é de três anos.
Desde o primeiro alerta, lançado a 5 de abril pelo Reino Unido - conta o maior número de casos (222) - que as investigações sobre a origem do surto não param.
A pista mais forte continua a ser o adenovírus, identificado em 70% dos casos no Reino Unido. Mas mantém-se a hipótese de relação com a covid-19, já que 15%dos casos graves tinham estado infetados. A ligação à vacina está a ser descartada porque a maioria das crianças doentes não estava vacinada.