Cavaco Silva defende que o Governo está "à deriva" e que o primeiro-ministro já perdeu a "autoridade" e não desempenha as competências que a Constituição lhe atribui. No encontro de autarcas social-democratas, este sábado, o antigo presidente da República garante que o PSD está pronto para governar.
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Os ataques ao Governo e a António Costa foram violentos e chegaram ao ponto de implicitamente recomendar ao primeiro-ministro que tenha "um rebate de consciência", como José Sócrates em 2011, e se demita. Logo a abrir o discurso, Cavaco explicou que tinha aceitado o convite de participar no terceiro encontro nacional dos autarcas do PSD porque "está preocupado com a governação socialista", responsável pelo "empobrecimento do país" e por uma "profunda degradação da vida política nacional".
"A Governação do PS tem sido desastrosa", disse, insistindo nunca ter imaginado que a "incompetência socialista atingisse tal dimensão". Durante um longo discurso, Cavaco enumerou "erros" políticos e "mentiras" de um executivo mais preocupado em gerir uma central de propaganda do que em melhorar a qualidade de vida dos portugueses. Num executivo que governa "aos solavancos", sem obra, a tendência será "distribuir benesses e comprar votos" em vez de "preparar o futuro".
O PS governa para "permanecer no poder e controlar aparelho do Estado sem olhar a meios", disse Cavaco. "Em matéria de ideologia, o Governo é um vazio. A palavra socialista é apenas um slogan", acusou, afirmando que entre os membros do Executivo "escasseia a competência" mas "abunda populismo e hipocrisia".
"O PSD é inequivocamente a única alternativa credível ao poder", frisou, defendendo que Luís Montenegro está "tão bem ou melhor preparado" do que ele quando se candidatou pela primeira vez às legislativas. Num aviso a Marcelo Rebelo de Sousa, o antigo chefe de Estado repetiu por mais do que uma vez no seu discurso serem "falsas" as acusações de o partido não apresentar políticas alternativas ao PS.
A Luís Montenegro, Cavaco aconselhou não anunciar qualquer coligação pré-eleitoral. "Se o PS que está em queda não o faz porque o PSD o deve fazer?" O PSD, alertou, não deve no entanto ir "a reboque de moções de censura mais preocupadas em ser notícia". Sem nunca mencionar o Chega, criticou a frequente "gritaria" e "linguagem insultuosa" do debate político que só favorece o PS.
Para o PSD vencer, defendeu, falta convencer "8 ou 9%" do eleitorado, disse, pedindo apoio dos autarcas e "unidade" à volta de Luís Montenegro.