O congresso em que os militantes do CDS serão chamados a eleger o novo presidente deverá ocorrer entre o final de novembro e o início de dezembro, segundo fonte do partido. O atual líder, Francisco Rodrigues dos Santos, anunciou esta sexta-feira que se recandidata e deverá ter o eurodeputado Nuno Melo como adversário.
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"Por sentir que cumpri o meu dever e que ninguém, nas mesmas condições, seria capaz de fazer melhor, é minha obrigação colocar-me à disposição dos militantes do meu partido para continuar a liderar o CDS", afirmou Rodrigues dos Santos, na sede do partido.
O líder democrata-cristão pediu ao presidente da mesa do Conselho Nacional, Anacoreta Correia, "a marcação de uma reunião para análise dos resultados eleitorais". Segundo apurou o JN, ela decorrerá entre 11 e 15 de outubro.
Rodrigues dos Santos solicitou também a marcação do próximo congresso eletivo "para ouvir o partido, discutir ideias" e apresentar a sua estratégia aos militantes, que deverá ser ainda este ano, entre o fim de novembro e o início de dezembro.
O atual homem-forte do CDS foi eleito em janeiro de 2020, com 46% dos votos, num congresso em Aveiro, onde começou por ter como adversários João Almeida e Filipe Lobo de Ávila, que acabou por desistir da corrida e declarar apoio a Rodrigues dos Santos. Lobo d'Avila foi indicado como vice-presidente da atual direção, da qual se demitiu em janeiro de 2021 admitindo que o partido tinha "um problema de afirmação externa".
As próximas eleições internas deveriam ocorrer quando se cumprissem dois anos sobre essa data (janeiro), mas o congresso deverá, afinal, ocorrer mais cedo entre o fim de novembro e o início de dezembro.
Ao que o JN apurou, Rodrigues dos Santos quer antecipar o congresso para capitalizar os resultados das autárquicas, que entende terem sido proveitosos para o partido e evitar dar tempo aos seus eventuais opositores.
Melo diz que CDS está ameaçado por IL e Chega
O líder considerou que os resultados autárquicos do CDS foram os melhores "em algumas décadas". O partido manteve as seis Câmaras que já detinha e, em coligação com o PSD, aumentou o número de autarquias e de eleitos, tendo ajudado a ganhar Lisboa e Coimbra.
Nos 99 municípios a que concorreu em nome próprio, o partido elegeu "mais autarcas do que BE, PAN, Chega e IL em todo o país", destacou Rodrigues dos Santos.
No entanto, há quem, como Nuno Melo, conteste esta leitura. O eurodeputado escreveu esta sexta-feira, no Facebook, que o partido está "débil" e que, nas grandes cidades a que concorreu, teve resultados "infelizmente abaixo do Chega e quase a par da IL".
Nuno Melo escreveu também que está a ponderar disputar a liderança a Rodrigues dos Santos e que dará a conhecer a sua decisão "dentro de dias".