O cabeça de lista europeu da CDU expressou compreensão pelas preocupações e inquietações do movimento mundial de jovens pela defesa do ambiente, que vai realizar nova greve climática na sexta-feira, mas recusou qualquer conflito de gerações.
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"Compreendemos as preocupações e inquietações de muitas pessoas pelo mundo fora relativamente aos impactos no ambiente e, particularmente, na composição da atmosfera e, consequentemente, em alterações climáticas decorrentes de alterações induzidas pelo Homem", disse à Lusa João Ferreira.
Para sexta-feira estão marcados novos protestos e marchas de milhões de jovens cidadãos em múltiplas cidades do planeta para alertarem as autoridades e os protagonistas políticos para o problema das alterações climáticas e a necessidade de ação.
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"Revemo-nos nessas preocupações e inquietações. Entendemos que isto não é propriamente um conflito de gerações. É um problema que tem a ver com o sistema económico e social dominante à escala global. É um problema inerente ao modo de produção capitalista e que tem de encontrar uma solução no quadro de um outro sistema que proporcione uma relação sustentável e harmoniosa entre o Homem e a Natureza", afirmou o eurodeputado comunista.
Em relação a propostas concretas da CDU, João Ferreira destacou a importância de "pôr em causa o sistema de comércio e licenças de emissão [de gases com efeito de estufa], o chamado mercado do carbono" porque se demonstrou "ineficaz e perverso" e levou mesmo a aumentos das emissões, incorporando estas práticas "na diretiva de emissões industriais", com uma "abordagem normativa".
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"Aquilo que fizemos em Portugal com os passes sociais é um belíssimo exemplo do caminho a prosseguir. Nenhuma medida nestes últimos anos, mesmo noutros países da União Europeia, terá um alcance tão fundo no combate às alterações climáticas", afirmou, referindo-se ao estímulo à utilização dos transportes públicos graças à redução dos preços dos títulos.
Outra ideia da CDU é "defender a produção e o consumo locais", o que implica alterar políticas como a Política Agrícola Comum (PAC) ou outras comerciais que "estimulam a deslocalização da produção face ao consumo".
"É fundamental recuperar o controlo público sobre o setor energético para podermos orientá-lo no sentido de responder a desafios ambientais. Encaminhar lucros gerados nesse setor para a inovação, investigação e desenvolvimento que permita minorar o impacto do setor sobre o ambiente e designadamente sobre a atmosfera", acrescentou, além da incorporação de mais energias renováveis e endógenas.
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