Coligação obteve menos 20 mil votos que em 2024 e não conseguiu eleger segundo deputado por Lisboa. Foram eleitos Paulo Raimundo, em Lisboa, Alfredo Maia, no Porto, e Paula Santos, em Setúbal.
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A noite no quartel-general da CDU, em Lisboa, começou com silêncio e até alguma estupefação face às primeiras projeções, mas terminou com o ânimo e a força de quem, apesar de ter perdido um deputado, se mostra preparado para “assumir o caminho de resistência e da luta contra o retrocesso”.
Paulo Raimundo surgiu no palco com a voz rouca de quem nesta campanha afirmou a CDU “como uma grande força de coragem, seriedade e confiança”. Confrontado com um resultado, que, em termos de votos, ficou aquém do anterior, considerou que o mesmo “não reflete nem a expressão de apoio e reconhecimento que a campanha mostrou, nem o que a situação do país exigia”.
Foi, no entanto, “um resultado inseparável de fatores objetivos e subjetivos em que pesaram a difusão de elementos de preconceito e a recorrente falsificação e menorização da CDU e das suas propostas”. Paulo Raimundo adiantou que iria ser possível manter os mesmos quatro deputados, mas no final da noite, tal não se verificou. António Filipe não conseguiu a eleição por Lisboa.
O secretário-geral passou então ao ataque e apontou baterias ao resultado da AD, obtido “pela instrumentalização da ideia de estabilidade governativa a partir de uma política que promove todos os dias a instabilidade na vida de cada um” e a “vitimização, associada à falta de credibilidade do PS, que não só não assumiu uma perspetiva de caminhos distintos da AD, como, antecipadamente, se mostrou disponível para viabilizar um seu Governo”.
Já o resultado do Chega, prosseguiu, “é inseparável dos meios financeiros, mediáticos e outros que hoje estão colocados à promoção de um serviço de valores reacionários e antidemocráticos”.
“Cada voto conta e nenhum será desperdiçado ou traído”
Da parte da CDU, garantiu Paulo Raimundo, “cada voto conta e nenhum voto será desperdiçado ou traído”, podendo “os trabalhadores e o povo e a juventude” contar com a CDU para dar respostas aos problemas que se colocam na vida de todos e “defender a liberdade, a democracia e a Constituição da República e a paz”.
O líder comunista terminou a sua intervenção, garantindo que este “é o tempo de combate. É o tempo de democratas e patriotas assumirem o caminho de resistência e da luta contra o retrocesso”.
Paulo Raimundo saiu de cena ovacionado por uma sala repleta de apoiantes que, agitando bandeiras, cantavam “a CDU avança com toda a confiança”. O cenário de festa e resolução contrastava com o cenário verificado após as primeiras projeções, recebidas com silêncio, espanto e até desânimo.
João Oliveira animou sala até então silenciosa e desanimada
Pouco depois das 20 horas, João Oliveira subira ao palco e conseguiu animar a sala com a primeira reação oficial. A CDU “resiste apesar de toda essa enxurrada de maus prenúncios e de maus agoiros que foram lançados”, constatou, arrancando uma forte salva de palmas.
João Oliveira deixou claro que o partido se irá opor “a um caminho que agrave a exploração de quem trabalha, para que se degrade as condições de vida do nosso povo, para que se desmantele e privatize o SNS ou a escola pública, para que se deixe de fazer o investimento na habitação que é necessário”.
A sala viria a explodir de alegria novamente às 22.38 horas quando finalmente foi confirmada a eleição de Paulo Raimundo.. O clima de festa prosseguiria por mais dez minutos com a eleição de Alfredo Maia e Paula Santos. A alegria esmoreceu ao final da noite com a não eleição de António Filipe em Lisboa.