Universidade de Aveiro mapeou fragilidade do território e apela a que medidas de mitigação avancem rapidamente para evitar outros danos
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Após um incêndio de "elevada severidade", é a zona Centro-Norte do país a que "revela um risco muito elevado de erosão do solo". A conclusão é de investigadores do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da Universidade de Aveiro, que criaram um mapa de risco de erosão do solo após incêndio para Portugal continental, publicado recentemente na revista Scientific Reports.
O trabalho revela que para a maior fragilidade da zona centro-norte "contribuem a topografia, o regime de precipitação e o tipo de vegetação característico". O assunto assume particular importância porque, acrescentam os investigadores, esta zona também é das que tem "maior recorrência de incêndios" e das que "providencia serviços de ecossistemas importantes para o país, inclusive serviços ligados à quantidade e qualidade da água para fins de consumo humano".
A erosão do solo após fogo contribui para a ocorrência de inundações, danos em infraestruturas hidráulicas e rodoviárias, assoreamento em barragens e contaminação de cursos e massas de água pelo transporte de sedimentos e cinzas. Daí que, alerta Ana Rita Lopes, uma das investigadoras que assina o artigo, as medidas de mitigação devam avançar "antes da ocorrência das primeiras chuvas após o incêndio". Técnicas como o "mulching", um acolchoado de resíduos florestais que cobre o solo, barreiras nos declives para travar a mobilização, entre outras, poderão mitigar o problema.
Em Portugal, dizem os investigadores, "a aplicação de medidas para a mitigação do risco de erosão pós-fogo costuma ser demorada e limitada", por isso, esperam que este mapa, desenvolvido ao abrigo do projeto FEMME, seja uma ajuda.
O projeto vai ter continuidade e dar origem a uma ferramenta online de acesso público, que permitirá às autoridades nacionais, autarquias, proprietários e cidadão comum perceber o que pode acontecer em cada região. Inserindo as características de uma dada área, poderão obter a indicação de "possíveis técnicas de mitigação a aplicar no terreno após incêndio, a sua eficiência e possível custo associado", acrescenta Ana Rita Lopes.