O presidente da República manifestou-se esta terça-feira satisfeito que o anterior primeiro-ministro com quem coabitou, António Costa, tenha estado oito anos e meio no cargo e disse esperar que Luís Montenegro dure até final do seu mandato, em março de 2026.
Corpo do artigo
Na tradicional ginjinha de Natal no Barreiro, onde vem desde que foi eleito em 2016, à exceção dos anos da pandemia de covid-19, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado se os seus mandatos em Belém foram aquilo que esperava.
"Algumas coisas sim, outras não. Sim, a aproximação do povo. Sim, criar as condições de diálogo que permitiram ao primeiro-ministro durar oito anos e meio. E espero que este dure o resto do meu mandato", afirmou.
Questionado se admite a possibilidade de Luís Montenegro não se manter no cargo até ao final da sua permanência de Belém, o chefe de Estado disse acreditar que tal acontecerá.
"Como, aliás, o anterior teria durado até o fim do meu mandato, se não tivesse tomado a decisão que tomou, a minha função é garantir o mais possível a estabilidade", afirmou, referindo-se ao pedido de demissão de António Costa na sequência do anúncio de uma investigação judicial.
Sobre os aspetos negativos dos seus mandatos em Belém, Marcelo Rebelo de Sousa referiu-se a fatores externos: "Não, não esperava a pandemia, não esperava as guerras. Ninguém esperava as guerras. Não esperava tantas crises económicas durante a pandemia, depois da pandemia, a guerra, a inflação", lamentou.
Já sobre o que espera do próximo ano, o presidente da República mostrou-me mais otimista sobre a situação interna do que a externa, embora acautelando que Portugal pode ser afetado pelo contexto europeu e mundial.
"Os números deste Governo, até este momento, são favoráveis na balança de pagamentos, no equilíbrio financeiro, no crescimento da economia. Agora, a questão é a seguinte: se o mundo e a Europa se complicarem, vamos ter que aguentar a situação económica cá dentro, é uma economia muito aberta e muito pequena, vai ser difícil. Mas esperemos que haja mais boas notícias do mundo e da Europa", afirmou.
Marcelo Rebelo de Sousa saudou também a herança do anterior executivo do PS, que "deixou uma situação financeira confortável e uma situação económica bastante razoável para aquilo que é a Europa e o mundo".
"Por isso é que foi bom que a sucessão dos dois governos permitisse, por um lado, aprovar o orçamento de 2024, por outro lado, agora aprovar de 2025. Foram duas almofadas de segurança", destacou.
O presidente da República chegou ao Barreiro cerca das 18.10, ao volante do seu carro, onde foi imediatamente "engolido" por dezenas de pessoas que o aguardavam para tirar "selfies".
Depois de uma paragem para fazer declarações à comunicação social, Marcelo Rebelo de Sousa continuou, de forma muito lenta, o percurso de dezenas de metros que o levaria, hora e meia depois, ao destino final: à Tasca da Galega, para beber a emblemática ginjinha.
"Não posso beber mais que vou a conduzir", afirmou, explicando que, em seguida, iria jantar com os seus netos.
O brinde foi ao Barreiro, ao bispo de Setúbal -- cardeal Américo Aguiar, que tal como no ano passado se juntou no final à tradição presidencial da ginjinha -- e aos portugueses, "cá dentro e lá fora".
"Este Natal, estamos juntos", disse, antes de assegurar que para o ano, o seu último em Belém, voltará ao mesmo local na véspera de Natal.