Chega admite avançar com comissão de inquérito se não tiver respostas de Montenegro
O Chega admitiu, este domingo, avançar com uma comissão parlamentar de inquérito ao caso da empresa familiar de Luís Montenegro se o primeiro-ministro não responder às questões que o partido de André Ventura irá enviar na segunda-feira. A moção de censura ao Governo apresentada pelo Chega foi chumbada no Parlamento.
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Num comunicado emitido este domingo, o Chega afirma que o primeiro-ministro não respondeu, no Parlamento, a "várias questões específicas" levantadas sobre a empresa Spinumviva, que fundou com a família em 2021, defendendo que as "lacunas nas respostas" de Luís Montenegro "alimentam críticas sobre a transparência e a potencial existência de conflitos de interesses".
O partido de André Ventura, responsável pela moção de censura ao Governo que foi chumbada por larga maioria, escreve ainda que "existem vários membros do Governo de Luís Montenegro que poderão ter participações imobiliárias", sugerindo a possibilidade de beneficiarem da lei dos solos. A insinuação já tinha sido feita no Parlamento e usada contra o próprio partido, uma vez que o líder parlamentar do PSD divulgou um documento com os deputados do Chega que são detentores de empresas imobiliárias, numa tentativa de desmontar o principal argumento de Ventura contra Montenegro.
Da identificação dos clientes à natureza dos serviços prestados, o Chega enumera no documento oito perguntas, informando que "irá pedir por escrito uma resposta por parte do primeiro-ministro amanhã, 24 de fevereiro". "Caso o primeiro-ministro não responda às questões colocadas pelo partido ou sejam ocultadas, o Chega admite avançar com uma comissão parlamentar de inquérito", informa.
CDS e PCP criticam André Ventura
A moção de censura chumbada na sexta-feira continua a merecer críticas de partidos com diferentes orientações políticas. Este domingo, Paulo Núncio afirmou que o Chega demonstrou não ser um partido credível e confiável, defendendo que o CDS é o único "partido decente" à Direita, em Portugal. Para Paulo Núncio, com o chumbo foram derrotados "o populismo e o radicalismo", mas também "a irresponsabilidade e a imaturidade política".
“O Chega foi o grande perdedor da tarde da passada sexta-feira e não perdeu por poucos, perdeu por muitos. Eu diria, numa linguagem futebolística, que o Chega levou uma abada, a bem da democracia e da liberdade”, atirou o líder parlamentar e vice-presidente do CDS.
Já Paulo Raimundo reafirmou a ideia defendida na sexta-feira, durante o debate no Parlamento, ao frisar que o Chega invocou razões erradas na moção de censura ao Governo. “Há razões suficientes para este Governo ser censurado, mas não pelas razões que aquele partido apresentou. Se forem ver bem o conteúdo da proposta, de todas as razões pelas quais este Governo merece censura, nenhuma delas esteve presente”, considerou o secretário-geral do PCP, reiterando que o partido, que se absteve na votação, também "não vai pôr a mão por baixo do Governo”.