Chega pondera deixar passar Orçamento: "Tudo faremos para evitar crise política", diz Ventura
O Chega está a ponderar deixar passar o Orçamento do Estado (OE) caso não haja acordo entre Governo e PS. O líder, André Ventura, não nega essa possibilidade: "Tudo faremos para evitar uma crise política", disse. Mais tarde, fez uma declaração em sentido contrário: "Este não é o nosso OE". O partido reuniu de urgência.
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A informação sobre a hipótese de o Chega viabilizar o OE foi avançada esta terça-feira pela SIC Notícias e pela CNN. Em reação, à entrada para a reunião da bancada parlamentar - convocada para discutir o tema -, Ventura sublinhou que iria "ouvir" os seus deputados. Não afastou o cenário da aprovação do documento, embora também não tenha dado qualquer resposta definitiva.
"Todos sabem a situação política em que o país está. Eu sempre disse que tudo faríamos para evitar uma crise política", referiu o líder do Chega. De rosto fechado, insistiu: "Tudo faremos para evitar uma crise política, tudo faremos para não ceder a chantagens e não perdermos a nossa identidade".
Ventura referiu que a sua posição sobre o Orçamento é "claríssima" mas que a reunião serviria para "ouvir" os restantes 49 deputados do Chega. Garantiu que não levava consigo qualquer "proposta" e prometeu que o Chega anunciará a sua decisão assim que a tomar.
Mais tarde, à saída da reunião, repetiu que "tudo fará" para evitar uma crise mas despediu-se com uma frase em sentido contrário: "Este não é o nosso Orçamento, este é o Orçamento de PS e PSD", atirou, recusando sempre revelar o sentido de voto do Chega.
Recorde-se que, para que o Orçamento do Estado passar, não basta que o Chega se abstenha - terá mesmo de votar a favor. Ao contrário, o PS precisa apenas de se abster.
A reunião da bancada do Chega foi convocada esta segunda-feira, de urgência, por André Ventura, para discutir o que fazer relativamente ao Orçamento. O partido, recorde-se, tem mudado várias vezes de posição sobre o tema: começou por exigir a realização de um referendo à imigração como condição para ponderar viabilizar o documento mas, mais tarde, Ventura chegou mesmo a dizer que o voto contra do Chega era "irrevogável".
O Governo entrega o Orçamento do Estado esta quinta-feira.