Os onze passageiros chineses, a quem os Açores permitiram que aterrassem num voo privado após terem sido rejeitados pela Islândia e no Haiti por suspeitas de contacto com o coronavírus, saíram da China no dia 25 de janeiro. A Direção-Geral da Saúde tinha assegurado que o voo havia partido antes do 15 de janeiro, para justificar o período janela de 14 dias e a sua entrada em Portugal. Mais: desconhecia-se até agora que não dois mas quatro países rejeitaram a sua entrada.
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O grupo de passageiros, de um voo de luxo fretado, que pousou em Ponta Delgada (Açores) após ver impedidos os seus desembarques na Islândia e Haiti, saiu de Hong Kong no dia 25 de janeiro e não há mais de duas semanas, como assegurou a Direção-Geral da Saúde (DGS) e a Direção-Regional da Saúde dos Açores, para justificar a autorização dada para a aterragem.
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Segundo o registo de voo da aeronave, esta saiu de Hong Kong e rumou ao Japão. Dali partiu em direção a Paris, Reiquejavique (Islândia) e Port-au-Prince (Haiti). Nestas duas últimas paragens não puderam fazer mais do que abastecer a aeronave e permanecer dentro dela - onde pernoitaram.
Mas, além desses dois aeroportos, houve outras duas tentativas de pouso, nas Bahamas e na República Dominicana, que não foram permitidas.
O JN já confrontou a Direção-Geral da Saúde (DGS) com o itinerário da aeronave e as razões que levaram à autorização do seu desembarque mas ainda não houve qualquer reação. Também a ANA, gestora dos aeroportos nacionais, foi questionada, não tendo ainda avançado com uma explicação e respondido a que historial do voo acedeu afinal.
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A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, garantiu, no domingo à noite, que os onze passageiros de um voo privado proveniente da China, um deles alegadamente de Wuhan, epicentro do coronavírus, e que não puderam desembarcar na Islândia e Haiti, "não tinham uma relação epidemiológico com o foco da doença".
A responsável assegurou ainda que "feito o inquérito epidemiológico e a história clínica, estes passageiros, que eram cidadãos chineses, não vinham do epicentro da doença. Estão assintomáticos [sem sintomas associados ao coronavírus]".
Graça Freitas adiantou que tinha estado em contacto com as autoridades de saúde açorianas, que tinham pouco antes informado que voo tinha saido "de Hong Kong há mais de 15 dias, tendo passado por Japão, Islândia, França e Haiti".
"A Coordenadora Regional, Ana Rita Eusébio, e o Delegado de Saúde Pública de Ponta Delgada, Eduardo Cunha Vaz, já confirmaram que não existe qualquer risco específico para a saúde pública relacionado com um voo particular que aterrou sábado no Aeroporto de Ponta Delgada, proveniente do Haiti", explicaram.
Segundo o Miami Herald, jornal diário norte-americano, a aeronave - com três tripulantes e onze passageiros - indicou ao Aeroporto Internacional de Port-au-Prince [Porto Príncipe], no Haiti, que a sua origem era o Dubai, e não Hong Kong como mostram os seus registos, e que se dirigia para as Bahamas.
Ernst Renaud, diretor de operações do Aeroporto Internacional Toussaint Louverture, da capital haitiana, adiantou àquele jornal que as Bahamas recusaram a entrada, tendo o voo seguido para a República Dominicana, onde apenas pôde reabastecer. Daí seguiu para Porto Príncipe. Tendo em conta as suspeitas que levantaram o percurso da aeronave, as autoridades rejeitaram o desembarque por suspeitas de risco para a saúde pública.
Às autoridades haitianas, o comandante da aeronave garantiu que Portugal e França tinham autorizado já pousos e desembarques. Mas, mesmo assim, o desembarque não foi permitido pelo Haiti, explicou Eddy Jackson Alexis, porta-voz do Governo do país.
O voo já saiu entretanto dos Açores, rumo a França. Apesar de fontes ligadas ao aeroporto de Ponta Delgada terem garantido, ao JN, que alguns dos passageiros rumaram a Lisboa no domingo de manhã e à noite, em dois voos da SATA, a transportadora aérea açoriana garantiu que "nenhum passageiro proveniente do referido voo, embarcou em voo da Azores Airlines com destino a Lisboa".