Em Belém, a maioria dos peregrinos conseguiu ver o Papa Francisco, esta manhã de quarta-feira, num ambiente de muita emoção e euforia. Alguns populares não tiveram, contudo, essa sorte e queixaram-se da “falta de informação” sobre os locais onde o Sumo Pontífice passará.
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José António, um dos 18 peregrinos da Guiné Equatorial que vieram à Jornada Mundial da Juventude, estremeceu quando por momentos temeu não ver o Papa. “Os jornalistas e as câmaras das televisões estavam a tapar, mas gritámos para saírem e alguns desviaram-se. Não vimos tanto como gostaríamos, mas ainda deu para ver. Foi um momento muito especial e emocionante”, partilha o jovem, que, com a ajuda da Igreja “que pagou tudo”, conseguiu estar presente no evento católico.
Carmelo Guinea, do mesmo grupo de peregrinos, reconhece que é “um privilegiado” conseguir estar presente num “momento tão importante”. "É uma emoção muito grande vir a Portugal e ver o Papa. Se não fosse a Jornada era difícil vir cá, é uma oportunidade de sairmos de lá também. Não conseguimos vir todos”, desabafou emocionado.
As irmãs Azucena Calderón e Fátima Caldéron, do Panamá, também estavam muito felizes. “Chorámos muito quando vimos o Papa. Senti coisas muito bonitas, como se estivesse na presença de Deus. Conseguimos ver na primeira fila, não podia ter corrido melhor. Agora vamos conhecer a Torre de Belém”, partilhou Azucena.
Beatriz Costa e o marido, emigrantes nos Estados Unidos da América, vieram mais cedo para as habituais férias em Portugal só para conseguirem ver o Sumo Pontífice. “É um sonho tornado realidade”, suspirou. O marido, António Costa, partilhava o mesmo sentimento. “Foi especial, mas surpreendeu-nos ele ter aguentado algum tempo de pé. Achávamos que já não conseguia”, admitiu.
“Muita gente à frente”
Uma felicidade e emoção não partilhada por todos os que rumaram a Belém com o objetivo de ver mais de perto o líder da Igreja Católica. “Vim de propósito e tive muita pena de não o ter visto, estava muita gente à minha frente”, lamentou Olinda Mendes, 70 anos, que não perdeu, contudo, a esperança. “Conto vê-lo no Parque Eduardo VII ou na Via-Sacra, onde também quero ir”.
Graça Carmona queixava-se do mesmo e ainda da falta de informação. “Sentei-me em frente ao Mosteiro dos Jerónimos, numa zona onde achava que ele ia passar e afinal não passou. Acho que devia haver mais informação sobre o percurso que ele ia fazer para nos irmos para ios sítios certos. Num evento desta dimensão esperava ter mais informações”, partilhou a brasileira, há cinco anos a viver em Portugal.
Mobilidade reduzida barrada
Hélio Silva, com mobilidade reduzida, teve mais dificuldades. “Ficámos indignados quando o polícia nos disse que não podíamos passar na única zona com uma rampa de acesso, junto ao Museu dos Coches, porque não tinha autorização para deixar passar. Mandou-nos para um túnel com escadas!”, conta Maria Silva, que veio com o marido de propósito de Barcelos para ver o Papa.
Foi preciso reclamar para a polícia permitir o acesso por este local, que o casal já tinha visto previamente ser "o único acesso possível". “Revoltei-me e insisti com o polícia, que fez uma chamada e acabou por nos deixar passar e admitir que, como é de Braga, não sabia que o túnel tinha escadas. Ficámos muito desiludidos com esta situação”, lamenta, acrescentando que “não estavam a deixar passar ninguém com mobilidade reduzida”.
Hélio Silva estava feliz por, apesar do incidente, ter acabado por entrar nos jardins de Belém e ver o Papa, mas lamentou a falta de acessos. “É uma cidade ainda com muitas limitações em termos de acessos, está muito atrasada. Barcelos está melhor. Acabei por ver o Papa mesmo encostado às grades e é uma emoção muito grande, toca muito a quem é católico”, partilhou.