Associação florestal pediu prorrogação do prazo até meio de junho, mas o Governo não cedeu. Dispositivo de combate a incêndios é reforçado hoje e há 8882 bombeiros em prontidão permanente.
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A limpeza dos terrenos que representam maior risco em caso de incêndio está atrasada devido à chuva dos últimos dias. A humidade dos terrenos e a falta de pessoal impossibilita o cumprimento do prazo até ao final do mês. O cenário vai mesmo obrigar à remoção do mato mais tarde, implicando mais custos para os proprietários. Hoje é reforçado o dispositivo de meios de combate a incêndios florestais.
Até 31 de maio, os proprietários de terrenos rústicos devem assegurar a limpeza em redor de edificações e infraestruturas. Depois dessa data, as autoridades podem autuar os infratores. O problema é que a chuva sentida nos últimos meses está a dificultar o processo. “Os materiais finos que alimentam os fogos vão florescer novamente e, por isso, consideramos que as datas não deviam ser fixas, mas ajustadas ao clima”, nota Luís Damas, presidente da Federação Nacional de Associações de Proprietários Florestais (FNAPF). “O trabalho vai ter que ser feito duas vezes e vai representar um custo elevado para os proprietários”, acrescenta, considerando que a prorrogação do prazo para 15 de junho era o mais adequado.
Além disso, o engenheiro florestal aponta que, perante estas condições atmosféricos, foi impossível trabalhar nos terrenos e, agora, não há tempo para mobilizar a quantidade de meios humanos e mecanizados necessários. “Pedimos que a GNR tenha uma intervenção mais pedagógica”, afirma ao JN. As multas podem atingir os 5000 euros para pessoas singulares e 25 000 para pessoas coletivas.
Menos bombeiros e mais meios aéreos
Ao mesmo tempo, o primeiro reforço do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) acontece hoje, com 8882 bombeiros e 1873 viaturas em prontidão permanente. A fase Delta, que decorre de 1 de julho a 30 de setembro, é a que empenha mais operacionais por terra e ar. A verdade é que, este ano, há uma redução de 2994 bombeiros e um acréscimo de seis meios aéreos nessa fase.
“Não foi explicada a estratégica. Os meios aéreos não apagam incêndios, ajudam a consolidar o combate, mas os incêndios apagam-se com bombeiros em terra”, critica António Nunes, presidente da Liga dos Bombeiros de Portugal.