O secretário de Estado da Digitalização e Modernização Administrativa, Mário Campolargo, alertou, esta segunda-feira, para o elevado número de ciberataques que têm ocorrido em autarquias no último meio ano e defendeu a criação de uma delegação do Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS), para recolha de informação e preparação de entidades públicas e privadas para esta realidade.
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Mário Campolargo falava em Viana do Castelo, numa sessão de apresentação pública da "Agenda Viana Digital", que vai ser colocada em consulta pública para recolher sugestões de munícipes, instituições e empresas sobre propostas de soluções digitais em determinadas áreas (vida urbana, mobilidade e energia, economia e trabalho, conhecimento e educação, cultura e criatividade, desporto e vida saudável, respostas sociais e associativismo).
O governante enalteceu o trabalho desenvolvido pelo município, que considerou "embaixador da transição digital no país", e referiu "os grandes investimentos" em curso no âmbito do plano de ação para a transição digital e o reforço do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) nesta área. Destacou, contudo, a importância da cibersegurança.
"Queria chamar a atenção de que, quando estamos num mundo digital cheio de tantas oportunidades, temos de ter a consciência também de riscos. Queria falar no Centro Nacional de Cibersegurança e na academia de cibersegurança, que é um esforço muito importante para que as empresas e municípios possam ter os seus técnicos a serem formados, especificamente nessa perspetiva que é tão importante", declarou.
Dirigindo-se ao autarca de Viana do Castelo, Luís Nobre, Mário Campolargo avançou que, "nos últimos seis meses, não foram cinco, não foram dez, não foram 15, 20 ou 25, foram muito mais as entidades da tutela do poder local que foram atacadas, muitas sem sucesso, por ciberataques". "Isto é uma consciência que nós temos que ter. Também a criação das várias NUTs II, do que nós chamamos, de uma delegação do CNCS com a capacidade de fazermos uma network de cibersegurança para acolhermos as entidades públicas e privadas mais próximas para recolher informações e para se poderem preparar", defendeu.
Por outro lado, o secretário de Estado da Digitalização e Modernização Administrativa adiantou que "está a ser finalizada a primeira estratégia nacional de territórios inteligentes", que vai "promover a partilha de boas práticas entre os municípios, as CIM e as CCDR", criando e captando "sinergias entre iniciativas" e otimizando "a despesa pública e o investimento" com a adoção de "princípios comuns".
"O meu sonho é termos, num tablet ou num centro nacional, o mapa de Portugal em que eu possa, a qualquer momento, clicar sobre qualquer cidade e perceber exatamente a situação da luz, da água, e alarmes importantes sobre situações dramáticas como inundações, incêndios ou uma situação mais complicada num centro de saúde ou num hospital", disse, acrescentando que sonha com "um dashboard quase nacional, em que possa de forma rápida ler a situação no país e convocar quase todos os dados que existem".
"Deixem-me sonhar para que, dentro desta legislatura, possamos ter esse dashboard. Aliás eu chamar-lhe-ia cockpit, porque me permite, para além de ver o que se está a passar, simular situações, variando alguns dos parâmetros", disse ainda Mário Campolargo, sublinhando que, atualmente, "Portugal é reconhecido como uma nação digital".
O município de Viana do Castelo, destacou, tem "uma longa tradição" de transição digital. "Já na década de 2000, Viana foi precursora na modernização autárquica, com a desmaterialização em particular de processos urbanísticos", recordou, evidenciando que esse trabalho "foi evoluindo e culmina hoje com a disponibilização online de quase todos os serviços aos munícipes". "Isso é francamente impressionante", concluiu.