Cientistas criaram um novo método de produção de seda de aranha artificial, inspirada na seda de aranha natural, mas mais resistente e barata, e com usos que vão desde os têxteis a dispositivos médicos avançados.
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O trabalho, publicado esta segunda-feira na revista "Nature Chemical Biology", foi realizado por uma equipa de investigadores de Espanha, Suécia, Reino Unido e China.
Um dos coautores do estudo, Gustavo Plaza, investigador agregado à Universidade Politécnica de Madrid, explicou, citado pela agência noticiosa Efe, que a seda de aranha "é um material biodegradável e atrativo para muitas aplicações", devido "à sua extraordinária capacidade para absorver energia" e por ser "um material biocompatível". Contudo, é tão cara de se obter que dificilmente é comercializável.
Na última década, foram desenvolvidas proteínas recombinadas, com características semelhantes ao material das teias de aranha, mas os métodos habituais para fiar fibras a partir destas proteínas requer o uso de dissolventes ou coagulantes que, em alguns casos, podem ser tóxicos, o que dificulta ou impede, por exemplo, as aplicações biomédicas das fibras.
Esta seda biodegradável pode ser usada em biomateriais, em dispositivos médicos avançados e em tecidos para absorver impactos, por exemplo em viaturas
Além disso, sublinhou Gustavo Plaza, "as fibras artificiais obtidas até agora apresentaram propriedades sensivelmente inferiores às da seda de aranha natural, o que dificultou o seu emprego comercial".
A seda da aranha é composta por proteínas de grande tamanho. Nas glândulas das aranhas, estas proteínas mantêm-se numa solução muito concentrada, que passa através de um canal estreito, no qual a acidez muda e o material se torna numa fibra insolúvel.
Inspirados na forma como as aranhas fabricam a seda, a equipa internacional de investigadores concebeu uma proteína híbrida, que inclui sequências de aminoácidos presentes nas sedas de duas espécies de aranhas, para controlar a coagulação das proteínas, imitando o processo de fiação natural das próprias aranhas.
Os cientistas desenvolveram, também, um método de fiação que permite controlar a acidez da solução proteica.
Com este método, no qual apenas utilizam água com dissolvente, conseguiram produzir seda de aranha artificial mais resistente e maleável do que outras, com uma resistência tal que se aproxima à das sedas naturais.
A seda biodegradável produzida com esta técnica é igualmente mais barata e mais fácil de obter do que a seda natural de aranha, podendo ser usada em biomateriais, em dispositivos médicos avançados e em tecidos para absorver impactos, por exemplo em viaturas, precisou o cientista Gustavo Plaza.