Pneumonia é a terceira maior causa de mortalidade no mundo e Portugal não foge às estatísticas. A cada hora, são internados cinco doentes com pneumonia e, por dia, morrem 16 pessoas vítimas da doença. Hoje é lançada uma ferramenta, o Pneumoscópio, que traça o mapa da pneumonia e meningite no país.
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O Pneumoscópio permitirá uma melhor caracterização os internamentos e a mortalidade, usando um programa informático de georreferenciação. Vai contribuir para que investigadores, profissionais de saúde e decisores possam ter em conta o perfil de ambas as patologias, permitindo-lhes maior conhecimento e delinear estratégias de prevenção e de atuação. Aliás, será possível fazer um retrato social da pneumonia.
"Somos um país que não sabe quantas pneumonias tem, nem podemos saber, porque não é doença de notificação obrigatória", esclarece Jaime Pina, vice-presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão, que integra a comissão científica do projeto. No entanto, Portugal sabe, "com precisão, quantos internamentos acontecem por pneumonia". E o Pneumoscópio, enquanto ferramenta de representação geoespacial, mapeará, sobretudo, os internamentos e a mortalidade por pneumonia.
Análise microscópica
Com os dados oficiais, disponibilizados pelo Ministério da Saúde e pelo Instituto Nacional de Estatística, fica-se "apenas com uma noção global nacional do problema", explica o pneumologista. Com o Pneumoscópio "é possível descer a um enquadramento muito mais fino e fazer uma análise mais microscópica, ao nível do distrito, do concelho e até ao nível dos agrupamentos dos centros de saúde" revela ao JN.
Os dados do Pneumoscópio compreendem, para já, o período entre os anos de 2014 e de 2018, que são os mais recentes. A análise daqueles dados permite concluir que a região de Lisboa e Vale do Tejo tem o pior registo do país: é a primeira em termos de internamentos e de mortalidade por pneumonia. No topo estão, ainda, os distritos de Aveiro, do Porto, de Portalegre, de Castelo Branco, de Bragança e de Vila Real.
A próxima fase é relacionar a patologia com indicadores sociodemográficos, como o PIB per capita (poder de compra por habitante), o grau de escolaridade, a qualidade térmica das habitações, a taxa de sedentarismo por faixa etária ou o índice de poluição atmosférica. "Será muito importante saber se há uma relação" dos casos de pneumonia "com as pessoas que estão vacinadas contra a pneumonia, com o diagnóstico precoce, com o início atempado do tratamento, ou então, com a difícil decisão de internar o doente ou não", diz.
O projeto é um trabalho contínuo de recolha de informação em constante atualização. Estará disponível numa base informática, com acesso condicionado a pedido de autorização.
Pormenores
5300 mortes - Em cinco anos (de 2014 a 2018), os dados estatísticos disponíveis, que foram integrados no Pneumoscópio, mostram que a média de óbitos por pneumologia em Portugal está acima dos 5300.
Comissão científica - A comissão científica do Pneumoscópio integra os seguintes especialistas e entidades: Carlos Rabaçal do Hospital de Vila Franca de Xira; Sociedade Portuguesa de Endocrinologia Diabetes e Metabolismo; Sociedade Portuguesa de Pneumologia; Movimento Doentes pela Vacinação; Fundação Portuguesa do Pulmão; Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública; e Grupo de Doenças Respiratórias da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF).
Acesso a pedido - O Pneumoscópio encontra-se numa base informática, sujeito a um código de acesso pedido pelo utilizador. Ainda está a ser decidido quem terá acesso livre.