Cinco mil turmas por dia têm furos no horário por faltas dos professores
Estudo revela que 10% dos docentes são responsáveis por mais de 80% das ausências por doenças crónicas. Substituições ao longo do ano são maior desafio.
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Em média, todos os dias faltam às aulas cerca de 11 mil professores e 5000 turmas têm furos no horário por esse motivo. Anualmente, são dois milhões de dias de faltas. Mas a taxa de absentismo não é elevada, conclui um estudo divulgado hoje pela Fundação Belmiro de Azevedo. O problema é que 10% da classe é responsável por mais de 80% das ausências. Sobretudo docentes mais velhos com doenças crónicas que colocam baixas de longa duração (mais de quatro meses).
A maioria das faltas não se traduz em perda de aulas porque os atestados superiores a 12 dias são passíveis de substituições. Há décadas que o absentismo dos docentes não era analisado. Para a coordenadora do estudo, Isabel Flores, esse retrato é essencial para se organizar os recursos e decidir políticas públicas que garantam aulas a todos os alunos sem quebras. A primeira parte do “Professores sob a lupa”, divulgado hoje pelo Edulog (o “think tank” para a educação da fundação), também faz uma análise aos dados demográficos e vínculos laborais da classe em cinco anos letivos entre 2016 e 2021. O total de faltas em todos os anos analisados ronda os dois milhões de dias, exceto em 2020-2021, que ultrapassa os 2,4 milhões, mas que os investigadores frisam ser um ano “atípico” por causa da pandemia. Os dados permitem constatar que entre 30% e 40% dos professores nunca faltam e que cerca de metade dão faltas ocasionais, até 10 dias por ano. O que significa que 10% são responsáveis por mais de 80% das faltas.