Até ao final de agosto há sessões itinerantes ao ar livre no Parque da Devesa, mas também em vários espaços das freguesias do concelho. A iniciativa comemora 20 anos e quer levar imagens em movimento a toda a população com uma programação diversificada. No dia 7 de agosto, pode ser vista a versão portuguesa do filme "Uma Aventura do Outro Mundo" ; "O Carteiro de Pablo Neruda" é exibido no dia 14 e "Ou Nadas ou Afundas", no dia 21, é a última película a ser exibida.
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Cinema Paraíso, que comemora este ano 20 anos, está a percorrer várias freguesias de Famalicão com projeções de cinema ao ar livre. Além do anfiteatro do Parque da Devesa, a iniciativa vai este ano até às localidades de Cabeçudos, Lemenhe e S. Simão de Novais. A ambição é chegar a todas as freguesias. A máquina de projeção está pronta, a tela montada no palco, e o vendedor de pipocas em ação. São 21.20 horas. O filme só começa às 22 horas mas já há pessoas sentadas no anfiteatro do Parque da Devesa. Uns porque querem escolher o sítio onde se vão acomodar para assistir ao filme, outros porque aproveitaram para dar uma volta e chegaram mais cedo.
Fátima e Fernando tiveram receio de não ter lugar, e por isso apressaram-se. Até estão a guardar o lugar para a filha. Afinal, foi ela quem lhes falou na iniciativa. "É a primeira vez que vimos, no verão é melhor estar fora de portas, e como a noite está quente, melhor ainda", diz o casal que veio de Esmeriz, e aguarda o início do filme. O Cinema Paraíso - Projeto Itinerante de Cinema Ao Ar Livre, uma atividade do Cineclube de Joane, em parceria com a Casa das Artes, decorre em julho e agosto. "Desde o início se pensou na ideia de itinerância, e depois a dada altura pensámos que seria uma atividade para percorrer o concelho todo. Essa ideia de itinerância nós ainda estamos a tentar cumprir, porque, apesar das 20 edições, ainda só fomos a cerca de 30 freguesias [o concelho tem 49] ", diz Vítor Ribeiro, do Cineclube. "Ainda há muito trabalho para fazer", sublinha.
Cinema, arte popular
Ao longo destas duas décadas de cinema itinerante, a evolução "em termos de público foi gradual". "Mesmo quando estava em fase de implementação, sempre foi a iniciativa mais popular do Cineclube", explicou o responsável. E, ao longo deste tempo, Isabel e Miguel foram sempre ao Cinema Paraíso. Mas este ano contam com uma companhia especial, o filho Rodrigo, com pouco mais de um ano. "No ano passado já veio, mas era ainda bebé. Este ano vamos ver como se comporta", diz o casal já instalado numa manta e acompanhado de um balde de pipocas. "Desde o início que participámos. Escolhemos os filmes e vamos ver", afirma Isabel. "É uma excelente oportunidade de ver cinema, e aqui no anfiteatro não há ruídos e ouve-se muito bem", notam.
Vitor Ribeiro adianta que o objetivo da iniciativa é "esticar" o hábito de ver cinema às populações. "Temos a ideia errada que o consumo de cinema é um marco popular, mas há miúdos que nunca foram ao cinema", notou. "Achamos que o cinema, como arte popular, é capaz de mostrar coisas diferentes, a diferentes públicos", frisou. Por isso, há um "cuidado" de ter uma programação "diversificada" no Cinema Paraíso que sirva a vários escalões etários e a vários tipos de público. E se a programação é cuidada, também há quem não deixe ao acaso o ritual da sétima arte. Uns carregam mantas, outros almofadas, e nem as pipocas ficam de fora. Para isso, João e António não falham uma sessão de cinema. O carrinho onde fazem e vendem as pipocas está à entrada do anfiteatro e não passa despercebido a ninguém. "Corre sempre muito bem", dizem, enquanto explicam como são feitas as melhores pipocas. "Vamos também às freguesias e corre sempre bem", concluem.