Derrota pesada dita demissão do líder e precipita escrutínio interno. Medina, José Luís Carneiro e Alexandra Leitão são os mais falados para a sucessão.
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O resultado desastroso de Pedro Nuno Santos – é a segunda derrota em pouco mais de um ano, e bem mais pesada do que a de 10 de março de 2024, com o partido a distanciar-se da AD e a ombrear com o Chega – ditou a demissão do secretário-geral do PS.
Em março do ano passado, Pedro Nuno Santos reagiu à derrota com um discurso no Hotel Altis, em Lisboa, em que afirmou que iria tentar “recuperar os [votos dos] portugueses descontentes com o PS”; ontem, no mesmo local, reconheceu que não o conseguiu. Os socialistas vão agora ser chamados a escolher outro líder, e a pergunta é: quem se seguirá ao secretário-geral que esteve apenas um ano e meio à frente do partido?
Fernando Medina, ex-ministro das Finanças e antigo presidente da Câmara de Lisboa, poderá perfilar-se para a liderança do partido, já que recusou integrar as listas de candidatos a deputados socialistas nestas legislativas, demarcando-se desde logo de uma possível derrota.
A saída de Pedro Nuno Santos também pode abrir a porta a José Luís Carneiro, ex-ministro da Administração Interna que, segundo o Expresso, voltará a tentar a liderança do partido, a qual disputou, em 2023, com o atual líder do PS. O cabeça de lista pelo círculo eleitoral de Braga não se deslocou, ontem, ao Hotel Altis, remetendo para hoje uma reação aos resultados. Já Alexandra Leitão afirmou, em março, ao jornal “Público”, que não se afastaria de uma eventual candidatura.
“Sem eleitores”
“É uma derrota muito pesada, não há outra forma de o dizer. O PS tem de se concentrar nos motivos e refletir”, admitiu a ex-ministra da Presidência Mariana Vieira da Silva num comentário à Rádio Renascença. A antiga governante observou que os socialistas “legitimaram excessivamente posições do Chega”, designadamente em relação à imigração, mas “falaram muito pouco de futuro e muito pouco para o eleitorado que quer saber como é que o país pode melhorar”.
Também Pedro Adão e Silva, ex-ministro da Cultura de Costa, criticou, num artigo no jornal “Público”, “uma campanha disputada em torno dos temas do Chega”, e escreveu que “já era claro que o PS estava crescentemente desalinhado dos tempos, sem protagonistas e sem alternativa; agora ficou também sem eleitores”.
Mais do que reflexão, António Vitorino fala na necessidade de haver uma “reconstrução” do PS. “Com estes resultados, o PS vai ter de reconstruir-se”, considerou.