Com o número de novos casos positivos em escalada, os hospitais sob grande pressão, também a SNS 24 está a bater recordes de telefonemas. Uma linha de apoio telefónico para a covid-19, mas, desde sempre, para outras patologias. Na semana passada a procura duplicou. E, não raras vezes, quem liga é aconselhado a ligar mais tarde.
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Ao JN, os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), entidade gestora, diz que entre os dias 11 e 17 foi batido o recorde semanal de chamadas atendidas no SNS 24. "Face à última semana de 2020, trata-se de um crescimento de procura para mais do dobro, de 126 860 para 279 279", precisam.
O presente mês (até 17), acrescentam, é já o terceiro com o maior número de chamadas atendidas desde que a linha foi criada, com quase 554 mil atendimentos. Superando, mesmo, todo o mês de dezembro.
Confrontada, por mais do que uma vez, pelo JN, com denúncias de utentes de chamadas perdidas, aquela entidade recusou-se a revelar os números. Refira-se que estes dados eram públicos (Portal da Transparência do SNS). Deixaram-no de ser quando, em março, foi revelado que eram mais as chamadas perdidas do que as atendidas.
Ordem critica critérios
Ao bastonário da Ordem dos Médicos chegam, diariamente, relatos de horas de espera e chamadas perdidas. "Tenho tido informação de várias pessoas que tentam ligar e não conseguem, não têm resposta, o que se tem agravado muito nos últimos tempos com o excesso de pessoas a procurar ajuda".
Miguel Guimarães lembra que a SNS 24 "é uma linha crítica, não sendo exclusiva para covid". Pelo que, neste momento de pressão, "devia ser criada uma linha exclusiva para atendimento covid". Alertando: "Se as pessoas não são atendidas, vão parar às urgências". Ontem, havia um "comboio" de ambulâncias com doentes à espera para ser internados no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
Por outro lado, e falando de um caso concreto ocorrido na Ordem, os critérios são díspares. "Para duas pessoas, nas mesmas circunstâncias, foram dadas orientações diferentes", revela o bastonário. Que voltou a solicitar à tutela os protocolos do SNS 24 para perceber se têm que ser revistos.
O presidente do Sindicato Independente dos Médicos, Roque da Cunha, fala num "acesso muito difícil". Dos doentes que acompanha pelo Trace Covid, chegam-lhe relatos de "várias tentativas e horas de espera". Questionado sobre a contratação de mais profissionais, o SPMS apenas disse que a linha conta com mais de cinco mil.
À lupa
Apoio psicológico
A Linha de Aconselhamento Psicológico (LAP), integrada no SNS24 e a funcionar desde o dia 1 de abril, atendeu já 61 068 chamadas. Desse total, 7,7% eram de profissionais de saúde.
5000 profissionais
A Linha SNS 24 conta com mais de cinco mil profissionais de saúde, maioritariamente enfermeiros, mas também psicólogos, farmacêuticos, administrativos, médicos-dentistas, intérpretes de Língua Gestual Portuguesa e estudantes de Medicina do 6.º ano.
Oito centros
São oito centros de contacto, sediados em Lisboa, Porto, Braga, Algarve, Covilhã e Vila Nova de Gaia.