José Ribau Esteves saiu da corrida pela sucessão de Rui Rio, admitindo não ter reunido os apoios necessários e recusando apoiar Luís Montenegro, que apresenta quarta-feira a sua candidatura. O autarca de Aveiro prefere Jorge Moreira da Silva, que avança dia 14, ou Pedro Rodrigues, que ainda não anunciou a decisão. Mas Miguel Pinto Luz também pode ir a jogo.
Corpo do artigo
Ribau Esteves tinha anunciado, em fevereiro, que ponderava candidatar-se à liderança do PSD. Mas, esta segunda-feira, recuou, alegando que "é preciso mais tempo" para se criar "uma alternativa forte dentro do PSD". Admitiu que não conseguiu os apoios necessários para "estruturar uma equipa de combate para ganhar as eleições diretas". "Não me interessam disputas para marcar posição e para ser notícia", sublinhou o autarca.
Considerando que o PSD precisa de mudanças profundas, Ribau Esteves assumiu não ver em Luís Montenegro essa capacidade. Aliás, dirigiu duras críticas ao ex-líder parlamentar, que anunciou, há uma semana, que pretende repetir uma candidatura à liderança, depois de ter perdido para Rui Rio, em 2020, as primeiras diretas com segunda volta no partido.
Para Ribau Esteves, o ex-líder parlamentar representa "o passado do PSD". "Passado esse que continua a lutar de forma sôfrega e lamentável por condicionar o futuro do partido", acusou o autarca, numa declaração na sede do partido em Aveiro.
Luís Montenegro é visto, contudo, como o candidato mais bem posicionado para suceder a Rui Rio, numa corrida em que também vai entrar o ex-ministro do Ambiente de Pedro Passos Coelho, Jorge Moreira da Silva, que faz uma declaração pública no próximo dia 14.
Já Montenegro - que escolheu o eurodeputado Carlos Coelho para diretor de campanha - fala aos militantes, amanhã, numa declaração pelas 11 horas na sede nacional. Depois, iniciará a habitual volta pelas várias estruturas do partido no país.
Esta segunda-feira, o ex-líder parlamentar ganhou o apoio de Graça Carvalho. "Num momento crucial para o partido, é importante que o futuro presidente agregue e una o partido, modernizando a imagem do PSD, atraindo novos quadros, posicionando o PSD como verdadeira alternativa ao PS", justificou a eurodeputada, num comunicado público.
A também presidente do Instituto Francisco Sá Carneiro está convicta de que Montenegro "corporiza esse espírito". "Pelas suas qualidades humanas e políticas, pelo seu conhecimento profundo do partido e da sociedade civil e pela sua experiência política", vincou.
Na hora do recuo, Ribau Esteves assumiu que só poderá prestar apoio a dois candidatos. Um é precisamente Jorge Moreira da Silva, pelas "afinidades de gestão política". O ex-ministro estará até 13 concentrado no cargo de diretor da Cooperação para o Desenvolvimento na OCDE e, em concreto, "na conclusão do processo de tratamento, análise e apresentação das estatísticas anuais da Ajuda Publica ao Desenvolvimento dos 30 principais doadores internacionais".
Por sua vez, o ex-líder da JSD, Pedro Rodrigues, prometeu revelar, até à próxima semana, o resultado da reflexão que admitiu estar a fazer sobre uma candidatura à liderança. "É um político jovem e arrojado, determinado em reformar o partido", considerou Ribau.
Miguel Pinto Luz, que está a equacionar uma candidatura, disputou a liderança, em 2020, contra Rui Rio e Montenegro. Não conseguiu ir à segunda volta. No congresso da Feira, o autarca de Cascais liderou a segunda lista mais votada ao Conselho Nacional.
Paulo Rangel ainda admitiu estar em reflexão. O eurodeputado acabou por recuar, considerando não fazer sentido ir a votos quatro meses após a derrota nas diretas de novembro.