O tenente-general Faria de Menezes, comandante do Comando das Forças Terrestres, Exército, admitiu, esta quinta-feira, a necessidade de "rever procedimentos" no curso de comandos, face à morte de dois instruendos.
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As palavras foram expressas no Regimento de Comandos, onde decorreu a cerimónia de imposição de boinas no final do curso 127, marcado pela morte de Hugo Abreu e Dylan Silva.
Faria de Menezes, que presidiu à cerimónia, destacou, na intervenção às forças em parada, a exigência da instrução comando - "talvez a mais exigente do Exército português" -, justificando-a com o ambiente internacional, mas lembrou o "respeito pela sacralidade da vida humana" e a necessidade de a formação ser acompanhada de "rigorosas medidas de segurança".
Da mesma forma destacou, a propósito o "Dever de Tutela", uma norma do Regulamento de Disciplina Militar que impõe ao superior hierárquico a obrigação de proteção do subordinado. E foi neste contexto que, e face à avaliação da instrução que decorre, admitiu a possibilidade "rever procedimentos" e de "corrigir o que tem que ser corrigido".
Lamentou as mortes de Hugo Abreu e Dylan Silva, personalizando as vítimas da instrução, no momento em que recordava os mortos dos comandos. "O Hugo Abreu e o Dylan Silva estarão sempre presentes", disse o tenente-general, não conseguindo reprimir a comoção, que lhe toldou as palavras do discurso. Mas não deixou de salientar, referindo-se aos arguidos, a "presunção da inocência" e criticou a Comunicação Social pelo aproveitamento do caso, em particular com as famílias das vítimas.