Os bispos dos países lusófonos estão preocupados com a "apropriação indevida de bens"; com "as novas e sofisticadas formas de corrupção"; e com a "comercialização da droga, o tráfico de pessoas, o desrespeito pela vida".
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Reunidos em S. Tomé e Príncipe, de 2 a 8 deste mês, os delegados das conferências episcopais das igrejas lusófonas, sem qualquer representante de Timor Leste, debruçaram-se sobre o tema da "pobreza e exclusão social nos países que representam".
Os presentes denunciaram "a apropriação indevida dos bens, que deviam ser de todos, e estão a ser cada vez mais usurpados por oligarquias de poder político e económico, que, sem qualquer escrúpulo, enriquecem à custa dos pobres".
Também a corrupção mereceu reflexão social e ética daqueles líderes religiosos, que foram dando conta "de novas e sofisticadas formas de corrupção que, para além de uma condenação ética, contaram também com um grito de lamento pelas gravíssimas consequências que tal prática acarreta na desorganização, muitas vezes, ao nível das próprias administrações públicas das quais seria legítimo esperar a defesa dos cidadãos". Mereceram igualmente condenação social "a comercialização da droga, o tráfico de pessoas, o desrespeito pela vida".
Como geradoras de pobreza e exclusão social foram ainda apontadas "as debilidades cada vez maiores das instituições da chamada sociedade civil, por falta de preparação técnica e consciencialização cívica na defesa dos seus legítimos direitos".
Como propostas de actuação, os bispos declaram "ser prioritário, sem abandonar o que se tem vindo a fazer, investir mais na 'alteração das estruturas' (através da preparação técnica e ética de novos quadros) do que a 'gestão das conjunturas' (ao nível do simples assistencialismo)". Os bispos pedem que seja alicerçada cada vez mais a "intervenção social dos cristãos e das comunidades cristãs na doutrina social da Igreja", que, através do compromisso cristão, possam ir contribuindo para a criação de "homens novos" e "novas relações entre a Igreja e o Poder Político", ajudando a reabilitar a política, "num quadro de diálogo institucional com as legítimas autoridades, no respeito pela esfera das respectivas legitimidades e poderes, mas sem renunciar, se vier a ser caso disso, à denúncia de todo e qualquer atentado contra bem comum e os direitos essenciais dos cidadãos".