A ministra do Ambiente e Energia anunciou, no início de novembro, que o Governo vai direcionar os programas de combate à pobreza energética e de melhoria da eficiência das habitações para as famílias vulneráveis. O investigador João Pedro Gouveia diz que é necessária uma "visão ampla".
Corpo do artigo
Este ano, o Governo vai criar dois programas para combater a pobreza energética, que serão apenas dirigidos às famílias mais vulneráveis, deixando de fora a classe média. São eles o E-lar, semelhante aos vales eficiência, e o Áreas Urbanas Sustentáveis. Até agora, todos os residentes em Portugal, independentemente do seu rendimento, podiam candidatar-se a apoios para a instalação de painéis solares ou para renovar as janelas, no chamado Programa de Apoio a Edifícios Mais Sustentáveis (PAE+S). A ministra anunciou, em novembro, no Parlamento, que aquele programa não terá continuidade.
João Pedro Gouveia, investigador da NOVA FCT - Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, afirma que a "descarbonização, a integração de energias renováveis e a renovação de edifícios", objetivos que Portugal quer alcançar nos próximos anos, não podem ser concretizadas apenas com "as pessoas que estão numa situação de pobreza energética". "Especialmente sabendo que 80 ou 90% do parque habitacional português tem problemas de desempenho energético", acrescenta.