Os comboios regionais alugados a Espanha idênticos ao que perdeu o motor, na quinta-feira à noite, na Linha do Minho, já têm perto de 40 anos, embora só operem em Portugal desde 2011. A congénere espanhola da CP, a Renfe, adquiriu as composições a diesel, da série 592, entre 1981 e 1984.
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Embora a manutenção das unidades em circulação no país seja feita pela EMEF-Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário, no caso das 20 automotoras espanholas que operam nas linhas do Minho, Douro e Oeste, esse serviço é assegurado "pela CP e pela Renfe, dependendo do tipo de intervenção", explicou fonte oficial da CP ao JN/Dinheiro Vivo. "Algumas intervenções são realizadas em Espanha e outras em Portugal", afirmou a mesma fonte, sem esclarecer onde e quando foi feita a última vistoria à composição que se avariou em Afife, na ligação Porto/Valença.
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Sobre o incidente, o ministro do Planeamento e Infraestruturas apenas sublinhou tratar-se de um problema "de natureza técnica", destacando que "todo o material circulante em utilização na CP é objeto de verificações rigorosas". Pedro Marques acrescentou, citado pela Lusa, que "a taxa de regularidade em matéria de circulação se situa nos 99%".
A unidade em que ocorreu a fratura do veio de transmissão entre o motor e a caixa de transmissão foi rebocada para as oficinas de Contumil, no Porto, onde equipas da CP e da EMEF irão analisar e corrigir o problema, avançou a CP.
A situação insólita mereceu um comentário do Eixo Atlântico, onde estão representadas autarquias do Norte de Portugal e da Galiza. O secretário-geral do organismo, Francisco Sánchez, citado pela Cadena Ser, considerou "vergonhoso" o material que a Renfe aluga a Portugal, considerando que não se pode continuar a usar máquinas com mais de 35 anos, quando praticamente não se usam em Espanha.
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No plano ferroviário nacional, a obra mais adiantada até é a modernização da Linha do Minho, onde estão a ser investidos 86,2 milhões de euros, estimando-se que a obra, apesar do atraso, termine este ano.
Certo é que o histórico de acidentes com as composições espanholas não tem diretamente a ver com o equipamento. O descarrilamento do comboio internacional Celta, da série 592, a 9 de setembro de 2016, junto à estação de Porriño, foi atribuído a erro humano.
Já a 20 de março do ano passado, o comboio que descarrilou na Linha do Douro, junto a Sabrosa, terá chocado com pedras que caíram sobre os carris.
O que anda e o que virá
Por agora, circulam 20 unidades espanholas em Portugal, mas vão ser alugadas mais quatro, a primeira das quais deverá chegar no início deste ano.
Cada unidade já em circulação custa ao país 350 mil euros, anuais, devendo as novas ficar mais baratas, por 315 mil euros. A despesa total, por ano, andará próximo dos 8,3 milhões de euros , embora o pagamento seja faseado.
Vai seguir-se o aluguer de comboios elétricos de alta velocidade a Espanha, enquanto não chegam os 22 novos comboios regionais que o país vai comprar e cujo concurso para receber as propostas de fornecimento, inicialmente agendado para amanhã, foi adiado para o próximo dia 12.