Alexandre Lages vê a subida dos preços dos combustíveis, seguido da pontualidade e do conforto, como os fatores que determinam a opção pelo transporte público na cidade de Guimarães.
Corpo do artigo
No posto de condução do moderno autocarro elétrico dos transportes urbanos de Guimarães, Alexandre Lages, de 27 anos, está na sua "cadeira de sonho". Descobriu a vocação quando começou a fazer alguns transportes, num ligeiro de nove lugares, ainda trabalhava no escritório de uma agência de viagens. Decidiu tirar a carta de pesados e começou a carreira numa empresa de ligações expresso, fazendo, principalmente, os trajetos entre Braga ou Guimarães e a capital.
Está na Guimabus - a concessionária do transporte público de passageiros na Cidade Berço - desde o arranque, há cerca de um ano. "Fui dos fundadores", afirma, orgulhoso de ter participado numa pequena revolução na mobilidade do concelho, que passou de um autocarro elétrico para os atuais 30 (os últimos quatro acabam de chegar).
"No primeiro dia, as viagens eram gratuitas e houve muitas pessoas que vieram só para experimentar. Houve um senhor que entrou e comentou: "parabéns, estes autocarros elétricos são uma maravilha". Na verdade, era uma viatura a diesel", recorda, com um sorriso. Para Alexandre, "o que o cliente quer é ser transportado a horas, por bons preços e com conforto, a questão do autocarro ser elétrico não pesa na decisão".
O que o jovem sentiu que mudou os hábitos foi o aumento do custo dos combustíveis. "Na altura em que os preços começaram a subir, passamos a ver mais pessoas nos autocarros. Entretanto, algumas ficaram, porque, se tiverem morada fiscal em Guimarães, podem circular livremente por todo o concelho por 30 euros".
Estacionam em segunda fila sem noção e, mesmo que uma viatura ligeira passe, um autocarro não consegue
Quando mudou das viagens de longo curso para os transportes urbanos, o que mais o impressionou foi a falta de noção dos condutores relativamente ao espaço que um autocarro precisa para fazer certas manobras. "Estacionam em segunda fila sem noção e, mesmo que uma viatura ligeira passe, um autocarro não consegue. Um condutor destes, em hora de ponta, bloqueia o trânsito de uma cidade", queixa-se.
A relação com os passageiros também é diferente nas carreiras urbanas. "Fazemos muitas vezes as mesmas linhas, os clientes conhecem-nos, isso tem aspetos positivos e negativos. Por vezes pedem-nos para abrirmos a porta fora do local da paragem, o que até não custaria nada, se não estivéssemos sujeitos a uma multa de 600 euros", refere.
Relativamente ao trânsito na cidade, Alexandre vê como principal problema os dois centros comerciais estarem a menos de cinco quilómetros um do outro. "No Natal, os estrangulamentos no final da variante de acesso à autoestrada provocavam atrasos de 30 minutos nas carreiras", relata. Já as faixas de aceleração de entrada na variante muito curtas "são outra limitação".